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França/morte

Acusada da morte do companheiro, brasileira vai a júri popular na França

O processo da brasileira Denize Soares, acusada de matar o companheiro francês Sébastien Brun em Cabuçu, na Bahia, em 2004, tem início nesta segunda-feira no Tribunal da região de Isère, no sul da França. Conhecida como ‘viúva negra’, Denise pode ser condenada à prisão perpétua.

A brasileira Denize Soares, acusada de matar seu companheiro francês Sébastien Brun, em 2004.
A brasileira Denize Soares, acusada de matar seu companheiro francês Sébastien Brun, em 2004. © DR
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Denize Soares está em detenção provisória desde 2008 na penitenciária francesa de Corbas, onde aguarda seu julgamento, que começa nesta segunda-feira no Tribunal de Isère, no sul da França. Ela deve comparecer diante dos jurados nesta terça-feira, segundo o advogado da família da vítima, Claude Coutaz. O processo, resultado de uma cooperação franco-brasileira, está previsto para terminar no dia 31 de outubro.

O juiz brasileiro encarregado do caso vai participar das sessões através de uma videoconferência. “A cooperação vai ajudar a esclarecer alguns fatos sobre o julgamento do caso no Brasil. Ainda não sabemos, por exemplo, se o processo no Brasil foi interrompido depois da constatação dos problemas psiquiátricos de Messias, irmão de Denize. São elementos que vamos descobrir durante o processo", disse Coutaz à RFI.

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Ouça a reportagem

Durante quatro anos, desde que viajou para o Brasil em 2004, Sébastien foi dado como desaparecido. De volta à França, Denize contou diversas versões à família do companheiro francês. Em 2008, a polícia brasileira, seguindo a pista de uma testemunha, consegue interrogar Messias Soares. Ele então confessa ter enterrado o corpo de Sébastien em um terreno em Cabuçu, na Bahia, depois da brasileira tê-lo envenenado com cianureto. Denize, apesar do depoimento do irmão, continua afirmando que é inocente.

A brasileira, que continuou morando na França depois da morte do companheiro, tinha status de residente. Ela não será extraditada, segundo o advogado. Como foi presa em território francês, os acordos bilaterais entre os dois países autorizam que ela seja julgada e condenada no país. Além da morte de Sébastien, Denize também é acusada de tentativa de envenenamento de um outro namorado, e de saques ilegais em sua conta, que totalizariam cerca de 50 mil euros.

Família da vítima ainda busca esclarecimentos

O que teria levado Denize Soares a matar seu companheiro? Ciúme ou dinheiro? É o que a família de Sébastien Brun espera entender durante o julgamento, de acordo com advogado. Uma das hipóteses, explica, é que a brasileira tenha descoberto que Sébastien se apaixonou por uma outra pessoa. Ao mesmo tempo, durante anos, Denize dissimulou a morte do companheiro para poder realizar saques na sua conta bancária.

"A família continua esperando desesperadamente, depois de todos esses anos, a verdade. E espera que Denize pague pelo seu crime. Para eles, é totalmente inadmissível que, mesmo tendo manipulado policiais e juízes, e talvez amanhã os jurados, ela saia impune. Nesse caso, será o crime perfeito. Ela tinha realizado o crime perfeito antes da descoberta do corpo de Sébastien Brun", declara Claude Coutaz.

Brasileira deu várias versões à família

A história de Denize e Sébastien começa no ano 2000, quando os dois se encontram em Grenoble, no sul da França, se apaixonam e decidem viver juntos. Descrita como uma pessoa simpática e amável, a brasileira logo conquistou a família do companheiro, que segundo diversas testemunhas, a tratavam como uma filha. Até que, em 2004, o casal decide passar as férias no Brasil com o filho.

Depois de três semanas, Denize volta à França, sem Sébastien, e diz à sua família que ele decidiu ficar no Brasil. Para corroborar sua versão, ela mostra até mesmo um vídeo do companheiro, dizendo que não pretendia voltar para o país. Depois de meses sem notícias do filho, Marie Therèse e Bernard Brun viajam ao Brasil em 2005 para Cabuçu, na Bahia, e descobrem que Sébastien não foi visto desde agosto de 2004. O casal então alerta a polícia. Nesse período, Denize também se mostra preocupada e se diz ‘abandonada’ por Sébastien.  Presa em 2006, ela foi solta por falta de provas, até a descoberta do corpo do marido em 2008, indiciada por homicídio e tem a prisão preventiva decretada.

 

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