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França/Polêmica

Jornal francês Charlie Hebdo publica charges de Maomé

A polícia francesa reforçou a segurança em torno do prédio do jornal semanal Charlie Hebdo, que publica nesta quarta-feira charges com o profeta Maomé. Temendo reações exaltadas, o governo ordenou que na sexta-feira todas as escolas e representações diplomáticas francesas ficarão fechadas em 20 países de maioria muçulmana.

O diretor de redação do jornal Charlie Hebdo segura um exemplar da polêmica edição de 19 de setembro de 2012.
O diretor de redação do jornal Charlie Hebdo segura um exemplar da polêmica edição de 19 de setembro de 2012. AFP PHOTO FRED DUFOUR
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O site do jornal Charlie Hebdo ficou fora do ar no período da manhã dessa quarta-feira depois de ser pirateado por hackers, os piratas da rede mundial de computadores. A página do semanário no Facebook foi inundada de comentários a favor e contra as caricaturas do profeta. Os desenhos apresentam Maomé nu e em posições humilhantes.

Em novembro do ano passado, Charlie Hebdo já tinha publicado um número especial chamado de "Charia Hebdo" com o profeta Maomé no papel de redator-chefe. Na época, a sede da redação foi incendiada e o site da publicação na internet foi pirateado.

Com a nova publicação, o Ministério das Relações Exteriores francês decidiu reforçar a segurança de todas as suas embaixadas e consulados nos países onde há risco de protestos por causa das charges. O chanceler Laurent Fabius disse estar preocupado com eventuais repercussões.

O ministro defendeu a liberdade de expressão, mas ao mesmo tempo lamentou a iniciativa de Charlie Hebdo. "Foi como colocar mais lenha na fogueira", estimou Fabius em referência ao clima de violência em diversos países muçulmanos provocado por protestos contra o filme americano "A inocência dos muçulmanos", considerado ofensivo ao islamismo.

O diretor de redação do semanário, Stéphane Charbonnier, se defendeu dizendo que Charlie Hebdo é "um jornal satírico, laico e ateu, no qual trabalham pessoas de esquerda, inclusive anarquistas". A publicação é conhecida por fazer piada com todas as religiões, além de se autoproclamar antimilitarista e anticlerical.  

Publicação cria situação embaraçosa para o governo

O Executivo francês está dividido entre a defesa da liberdade de imprensa e a condenação do jornal por uma provocação no momento em que o filme americano provoca protestos violentos nos países de maioria muçulmana.

O primeiro-ministro Jean-Marc Ayrault declarou, nesta manhã, que vai proibir manifestações contra o filme convocadas por islamitas para o sábado, em várias cidades francesas, via redes sociais. "Não há motivos para deixar entrar na França conflitos que não dizem respeito ao país", justificou o premiê. No último sábado, mais de 200 pessoas participaram de uma manifestação não autorizada perto da embaixada dos Estados Unidos, em Paris. A polícia dispersou a manifestação e prendeu 150 pessoas.

Para o analista político Gaspar Estrada, do Instituto de Estudos Políticos de Paris, o governo francês está numa situação "muito complicada", pois não tem como eliminar a liberdade de expressão nem impedir esse tipo de publicação. "Não faz parte da filosofia de nenhum governo na França, seja de direita ou de esquerda, intervir numa situação dessas, mas a manifestação do último sábado em Paris foi um alerta para o governo e a sociedade francesa", afirma Estrada.

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