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Holocausto / Memória

Hollande lembra participação francesa na deportação de judeus

O presidente francês François Hollande afirmou neste domingo que a prisão de milhares de judeus durante o episódio que ficou conhecido como "rafle du Vel d'hiv", nos dias 16 e 17 de julho de 1942 em Paris e na periferia da capital, foi um "crime cometido na França pela França".

O presidente François Hollande participou na manhã deste domingo de uma cerimônia comemorando os 60 anos da operação policial que prendeu mais de 13 mil judeus franceses para enviá-los aos campos de extermínio nazistas.
O presidente François Hollande participou na manhã deste domingo de uma cerimônia comemorando os 60 anos da operação policial que prendeu mais de 13 mil judeus franceses para enviá-los aos campos de extermínio nazistas. Reuters
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Em seu discurso durante a cerimônia de comemoração dos 70 anos do episódio, realizada no local onde ficava o Velódromo de inverno no 15° distrito de Paris, François Hollande reafirmou a responsabilidade da França, enfatizando que "a verdade é dura, cruel".

13.152 judeus foram presos durante esses dois dias e em sua maioria ficaram detidos no Velódromo de inverno (demolido em 1959), antes de serem enviados aos campos de extermínio nazistas. "Nenhum soldado alemão foi mobilizado" para essa operação realizada por policiais franceses, lembrou o presidente.

O atual chefe de Estado mostrou uma posicionamento bem diferente daquele de seu antigo mentor, o ex-presidente François Mitterrand, que considerava que a França não podia ser responsabilizada pela deportação dos judeus já que, segundo ele, durante a ocupação alemã a única França legítima era a França livre, a organização de resistência exterior fundada pelo general Charles de Gaulle em Londres em 1940.

O socialista Mitterrand, que liderou o país de 1981 a 1995, seguia assim a posição defendida pelo próprio De Gaulle. Foi somente em 1995 que o presidente Jacques Chirac, apesar de seguir a linha política do general, reconheceu a responsabilidade da França.

"O reconhecimento dessa culpa foi enunciada pela primeira vez, com lucidez e coragem, pelo presidente Jacques Chirac", ressaltou François Hollande em seu discurso deste domingo.

Dos 320 mil judeus que viviam na França no início da ocupação alemã, 75.500 foram deportados para os campos de extermínio nazistas. Cerca de 2.500 deles sobreviveram.

François Hollande também garantiu que não haverá na França nenhuma escola onde a história do Holocausto não possa ser ensinada. Ele alertou que a França vai perseguir "com a maior determinação" o antisemitismo, que "não é uma opinião, mas uma abjeção".

Presente à cerimônia, Serge Klarsfeld, presidente da associação de filhos e filhas de deportados judeus da França, lembrou que se 11 mil crianças judias foram deportadas, "outras 60 mil foram salvas pela população francesa que, no seu conjunto, merece ser qualificada de justa". Mas "o ódio contra os judeus está novamente matando crianças judias", disse ele, fazendo uma referência ao assassinato de três crianças judias e de um professor judeu por Mohamed Merah em março na cidade de Toulouse.
 

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