Familiares de vítimas do AF447 contestam relatório da BEA

Os familiares de quatro vítimas do voo AF447, que caiu no dia 31 de maio de 2009 entre o Rio de Janeiro e Paris, enviaram uma carta nesta sexta-feira à juíza encarregada do processo de homícidio culposo contra a Air France e a Airbus. No texto, o advogado Marc Fribourg aponta falhas no relatório apresentado pela BEA, a agência civil de Aviação Francesa que investiga as causas do acidente que matou 228 pessoas.

Resgate dos destroços do voo 447. Reuters

Na carta de 18 páginas enviada à juíza Sylvie Zimmermann, o advogado afirma que "os termos usados pela BEA (sobre o acidente) foram deliberadamente escolhidos para evitar problemas essenciais." Segundo ele, "os relatórios exigem explicações da BEA e não de peritos da Justiça”. O advogado afirma que "a BEA e a agência europeia de segurança aerea (EASA) tentaram, depois do acidente, mascarar o comportamento de seus dirigentes", e denuncia as contradições nos diferentes relatórios da agência, que teriam sido manipulados.

O último relatório sobre o acidente, publicado em julho passado, foi criticado pelos pilotos de linha. Eles não concordam com os erros apontados, que teriam sido cometidos pela tripulação do A330 da Air France. Uma das principais reclamações é sobre o fato de que uma recomendação desfavorável à Airbus, sobre o funcionamento dos alarmes, teria sido retirada do documento.

O advogado Marc Fribourg também aponta a ausência de um instrumento de segurança de voo (Back-up speed scale ou Buss). "O acidente não teria ocorrido se o Buss tivesse sido instalado. O BEA sabe e se cala, simplesmente porque a Airbus não instalou esse aparelho no A330”, afirma o Fribourg. O representante das quatro famílias pediu à juíza que uma simulação reproduzindo as mesmas características e problemas encontrados pelos pilotos do AF447 seja organizada. Ele também sugere uma perícia independente e a divulgação do conjunto dos dados das duas caixas-pretas do aparelho.