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Strauss-Khan

"Strauss-Kahn deveria se tratar", diz mãe de jornalista francesa

No dia em que a francesa Tristane Banon vai à Justiça para processar Strauss-Kahn por tentativa de estupro, a mãe da suposta vítima admite o erro de ter convencido sua filha a não prestar queixa na época da agressão e sugere que o ex-diretor do FMI busque tratamento.

Tristane Banon e seu advogado David Koubbi.
Tristane Banon e seu advogado David Koubbi. Reuters
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O advogado da jornalista e escritora francesa Tristane Banon, de 32 anos, confirmou que sua cliente entrou nesta terça-feira com um processo na Justiça da França contra o ex-diretor do FMI, Dominique Strauss-Kahn. Ela alega ter sido vítima de assédio sexual em 2003, quando encontrou com DSK mas na época desistiu de mover uma ação. Nas declarações dadas nesta terça-feira à imprensa pela mãe de Tristane, Anne Mansouret - eleita regional do Partido Socialista (PS), do qual DSK faz parte - fica claro que ela tentou abafar o caso.

"Talvez eu tenha subestimado na época o trauma que uma agressão dessa poderia representar para uma jovem mulher como ela. Minha filha tomou essa decisão agora de prestar queixa (contra Strauss-Khan) depois de muita reflexão e isso a ajudará a se reconstruir", disse Anne Mansouret, em entrevista exclusiva para a rádio francesa RTL.

Ela sugere ainda que Strauss-Khan deveria procurar uma forma de tratar suas compulsões :

"Eu acho que ele deveria ser mais lúcido e se tratar. Eu não estou minimizando a sua capacidade intelectual no que tange a política ou a economia. O que eu estou dizendo é que é muito preocupante para alguém com tanta responsabilidade ter este tipo de comportamento."

Tristane Banon justificou sua decisão de ir à Justiça ao jornal francês L’Express:

"Eu não aguento mais ouvir que sou uma mentirosa só porque não prestei queixa à polícia. Faz oito anos que eu carrego esse peso sozinha e tenho que ouvir rumores e mentiras a meu respeito", disse a francesa.

Logo que estourou o escândalo com a camareira do Hotel Sofitel de Nova York, Tristane declarou que não aceitaria depor contra o ex-diretor do FMI na Justiça americana. Mas, agora que as acusações contra ele estão a ponto de ser retiradas pelo procurador do tribunal americano, ela decidiu levar seu caso à Justiça francesa. O encontro da jornalista com Strauss-Kahn aconteceu em 2003, quando ela o entrevistou para o seu livro "Erreurs avouées".

Tese do complô

Os advogados de Strauss-Kahn reagiram imediatamente, afirmando que as denúncias de Tristane são fantasiosas e que vão processá-la por calúnia. Já o advogado da jornalista diz que a queixa deve trazer à tona um caso que teria sido abafado, nos últimos anos, por integrantes do Partido Socialista.

Com esta nova queixa, os socialistas estimam que a tese do complô visando desestabilizar o partido, a nove meses das eleições presidenciais do ano que vem na França, está mais evidente do que nunca. O advogado de Tristane Banon confirmou que sua cliente quer demonstrar que François Hollande, atual candidato com maior potencial de vencer as eleições internas socialistas, foi informado da tentativa de estupro pela mãe da jornalista. Na época ele era o secretário-geral do PS.

François Hollande reagiu às insinuações contra ele nesta terça-feira chamando o que está acontecendo de "clima absolutamente detestável". Ele negou cumplicidade na tentativa de abafar o caso.

"A mãe dela, Anne Mansouret, comentou sobre um incidente que teria acontecido, mas eu não conheço os detalhes. Em um evento como esse, cabe à própria vítima prestar queixa na Justiça e não aos outros, jornalistas ou políticos. Quanto mais cedo se faz isso, melhor", afirmou o candidato socialista.

Juristas americanos estimam que esta nova queixa por tentativa de estupro contra Strauss-Kahn na França não terá repercussão no processo americano, que, ao que tudo indica, deve ser arquivado nos Estados Unidos.

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