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Acidente/ AF 447

Famílias brasileiras devem boicotar cerimônia do acidente do AF447

A maior parte das famílias brasileiras das vítimas do acidente com o voo AF447, que completa dois anos nesta quarta-feira, não deverá participar da homenagem aos passageiros mortos na catástrofe, segundo a Associação dos Familiares do voo 447. Estão previstas duas cerimônias: uma no cemitério Père Lachaise, em Paris, e outra no Rio de Janeiro.

Cerimônia de 1° de junho de 2010 no cemitério Père Lachaise, monumento em homenagem as vítimas do voo AF 447.
Cerimônia de 1° de junho de 2010 no cemitério Père Lachaise, monumento em homenagem as vítimas do voo AF 447. AF/ Virginie Valdois
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Mais da metade das famílias brasileiras dos passageiros mortos no acidente com o voo AF447 não deve participar das homenagens organizadas pela Air France no Brasil e na França, segundo o diretor-executivo da Associação dos Familiares das Vítimas, Marteen Van Sluys. Segundo ele, que conversou com vários parentes das vítimas, "não há sentido fazer parte de uma cerimônia organizada pela empresa." A companhia aérea foi indiciada por homicídio culposo e acusada de negligência por colocar em risco a vida dos passageiros utilizando um equipamento defeituoso, no caso, os sensores Pitot, que contribuíram diretamente para a sequência de panes que culminaram na queda da aeronave. "Se levarmos em consideração que a empresa foi indiciada judicialmente na França, e que ela organiza uma cerimônia para as famílias, isso para muitos é inconcebível", declara Marteen. "Talvez para os franceses isso seja mais aceitável, mas para os brasileiros não", disse.

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Marteen Van Sluys, diretor-executivo da Associação dos Familiares do voo 447

As homenagens no Brasil e na França, nesta quarta-feira, incluem uma cerimônia no Mirante Leblon, no Rio, e em Paris, no cemitério Père Lachaise. Por volta das 15h, estão previstos cultos ecumênicos seguindo as tradições das religiões católica, muçulmana, judaica e protestante. De acordo com o programa transmitido às famílias pela Air France, serão lidos dois textos: um em inglês e outro em alemão. O poema "Convite à Viagem", do autor francês Charles Baudelaire, também será recitado. A companhia aérea também realizará na sede da empresa uma homenagem fechada para os funcionários em memória dos tripulantes mortos no acidente, entre eles, o comandante Marc Dubois.

Justiça recolhe dados de famílias para envio de identificações

A Justiça francesa confirmou  que mais 75 corpos das vítimas do acidente, incluindo os dois recuperados no início de maio, foram resgatados pela equipe a bordo do navio Ile de Sein, totalizando assim 125 vítimas, já que 50 foram resgatadas na primeira fase de buscas. A informação foi divulgada nesta terça-feira pela Associação dos Familiares das Vítimas do voo 447. A previsão é que a operação de resgate dos corpos termine no início de junho, quando os peritos da Justiça francesa devem iniciar a análise do DNA dos restos mortais das vítimas. Nesta terça-feira, segundo Marteen, as famílias receberam um novo comunicado do embaixador Philippe Vinogradoff, responsável pela comunicação com os parentes. O texto explica que a Justiça francesa e a polícia francesa querem iniciar o processo de identificação, e pedem os dados dos familiares para o envio das informações.

A análise do DNA deve demorar meses e a identidade dos passageiros só será revelada para as famílias, de acordo com uma carta enviada em maio aos parentes das vítimas pelos juízes Sylvia Zimmerman e Yan Daurelle, responsáveis pelo processo de homicídio culposo contra a Airbus e a Air France. Segundo o advogado das famílias na França, François Meunier, explicou que "mesmo se de um ponto de vista emocional o resgate dos corpos é muito importante para a opinião pública, não é esta operação em si que vai acelerar o processo penal", disse.

O advogado explicou que a audiência da ação civil de emergência, impetrada na semana passada, deverá acontecer na próxima semana. "Pela primeira vez, a companhia Air France e Airbus serão questionadas num tribunal civil e nós esperamos que a decisão já seja tomada no fim do mês de junho ou, no máximo, no começo de julho", afirmou o advogado francês. Ainda restam 101 corpos para serem localizados e retirados do mar. 59 brasileiros morreram no acidente e os corpos de 39 das vítimas foram resgatados.

Colaborou Victória Álvares
 

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