Especialistas analisam fracasso da vacinação na França
Dois meses depois do início da campanha de vacinação contra a gripe suína, a França começa a analisar os resultados do impacto do vírus no país. As avaliações não são as melhores, já que muita gente acha que o governo tomou decisões precipitadas e exagerou no chamado princípio de precaução.
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A França gastou, até agora, cerca de um bilhão e meio de euros, o equivalente a quatro bilhões de reais com a campanha contra a gripe suína até o momento. Esse valor é três vezes maior do que o orçamento reservado ao plano de mobilização nacional contra o câncer.
Para se ter uma ideia, o país tem 10% das reservas mundiais de vacina e um terço dos antivirais, o Tamiflu. A vacinação na França também foi considerada um fracasso, já que cerca de 5 milhões de pessoas se imunizaram, menos de 10% da população. Boa parte dos profissionais de saúde recusaram-se a se vacinar, o que influenciou consideravelmente as pessoas a fazerem o mesmo. O resultado foi 90 milhões de doses sobrando.
O governo anunciou recentemente a revenda de parte de seu estoque e cancelou a encomenda de 50 milhões de doses. A vacina ainda é vista com desconfiança por boa parte das pessoas, ja que o vírus é novo e ainda não se sabe muito sobre todos os efeitos. O Brasil tem a vantagem de poder observar como a epidemia se desenvolve na Europa. A vacina continua a ser a principal medida contra a doença, defende Nancy Bellei, médica e professora da Universidade Federal de São Paulo, especialista em infectologia e virologia clínica.
Na França, os profissionais de saúde não estão completamente preparados para tratar as pessoas infectadas. A francesa Glaura Brière, que estava grávida de 9 meses quando pegou a gripe suína, contou que não ficou nada satisfeita com o tratamento que recebeu no hospital. Ela havia tomado a vacina, mas os médicos disseram que a dose ainda não tinha feito efeito. A gripe suína já fez cerca de 200 vítimas fatais na França, numero bastante inferior aos 40 mil mortos previstos nas previsões mais pessimistas. Mas ainda é cedo demais para garantir que o vírus desapareceu, dizem os especialistas.
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