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A Semana na Imprensa

Revista Le Point chama Erdogan de "exterminador" e prevê futuro sombrio na Europa

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As principais revistas semanais francesas demonstram uma enorme preocupação com o destino dos curdos no norte da Síria. A Le Point chama o presidente turco, Recep Erdogan, de "exterminador", um "ditador sanguinário disposto a promover uma limpeza étnica". A L'Obs vê a ameaça terrorista de volta à Europa.

As revistas Le Point e L'Obs dedicam extensas reportagens à situação dos curdos no Oriente Médio.
As revistas Le Point e L'Obs dedicam extensas reportagens à situação dos curdos no Oriente Médio. Foromontagem RFI
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"Vamos deixar este sultão imoral massacrar os curdos e ainda ameaçar a Europa", questiona a publicação, indignada com a traição dos ocidentais a esse povo originário de terras hoje espalhadas entre a Turquia, a Síria, o Iraque, o Irã e a Armênia. A tragédia dos curdos é que eles nunca conseguiram formar um Estado nacional.

Um repórter da Le Point esteve no enterro de dezenas de jovens milicianos curdos mortos sob as bombas de Erdogan na semana passada. Ele ouviu o seguinte questionamento.

"Vocês, europeus, enviaram jihadistas do Estado Islâmico para nossas terras. Nós não invadimos ninguém, apenas nos sacrificamos para defender nossas terras e os países da Europa. Por que agora, que somos bombardeados, vocês dão a mão a Erdogan e não fazem nada para impedi-lo de agir assim?"

Esta "enésima" traição ao povo curdo é dolorosamente descrita na reportagem. No total, 11.000 homens e mulheres curdos morreram para combater os jihadistas do Estado Islâmico e impedir a invasão turca que agora se concretizou.

A imagem de um garoto de 13 anos, Mohammad, se contorcendo de dor no hospital de Qamichli, depois de ter sua casa bombardeada aponta o provável uso de bombas à base de fósforo pela Turquia, uma arma proibida pelos tratados internacionais de proibição de armas químicas. A Turquia nega, afirma ter destruído seus estoques, mas as mentiras dos ditadores naquela região do mundo se repetem.

Governo turco fez pacto com jihadistas

As 11 páginas de reportagem da Le Point sobre a tragédia curda são de dar arrepios para quem vive na Europa. Para realizar suas conquistas territoriais e dizimar um povo visto como inimigo, o governo turco fez um pacto com ex-combatentes da Al Qaeda e do Estado Islâmico. Milicianos pró-turcos chegam nas cidades curdas gritando que estão lá para decapitar os "apóstatas".

A Le Point também mostra que Erdogan estende sua rede de influência na França, por meio de dezenas de associações que combatem a laicidade e os valores democráticos da república francesa. O site Redaction.media, produzido em francês para os turcos residentes no país e seus descendentes, propaga que a vitória do Exército de Ancara sobre os curdos "será a vitória de todo o mundo muçulmano".  

A revista L'Obs é igualmente alarmista. A traição dos americanos e a ofensiva de Ancara põem um ponto final no sonho dos curdos de viver em paz num território autônomo, o Curdistão sírio. "Eles pagam o preço de um excesso de confiança nos ocidentais. Trocaram seis anos de combates contra extremistas islâmicos, acreditando na promessa de que conquistariam um pequeno Estado autônomo no nordeste da Síria. Mas foram traídos", lamenta a L'Obs.

O especialista na região Hamit Bozarslan, diretor da Escola de Altos Estudos de Ciências Sociais de Paris, explica que depois de Donald Trump ter feito dos Estados Unidos "um navio desgovernado", é o russo Vladimir Putin que dita a nova ordem no Oriente Médio. E Putin precisa de guerras no exterior para alimentar sua imagem de todo poderoso ante o povo russo. Até aliados tradicionais dos Estados Unidos, como a Arábia Saudita, passaram a receber Putin com deferência por se dar conta de que podem precisar do Kremlin.

"A situação é muito grave", diz o diretor da Escola de Altos Estudos de Ciências Sociais de Paris, pois os europeus estão novamente sujeitos à ameaça terrorista que havia sido controlada. E cercados no leste por países antidemocráticos.

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