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Linha Direta

DUP: Uma pedra no caminho do acordo do Brexit

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Líderes europeus se reúnem nesta quinta (17) e sexta-feira (18) em Bruxelas após nova concessão do Reino Unido sobre a fronteira irlandesa. Porém a proposta está sendo rejeitada pelo Partido Unionista Democrático da Irlanda do Norte, o DUP. Isso significa o fim de um possível acordo do Brexit? 

Cúpula decisiva sobre o Brexit acontece nesta quinta-feira (17) em Bruxelas. Foto: protesto contra o Brexit no exterior da sede da Comissão Europeia. Bruxelas, Bélgica, 9/10/2019.
Cúpula decisiva sobre o Brexit acontece nesta quinta-feira (17) em Bruxelas. Foto: protesto contra o Brexit no exterior da sede da Comissão Europeia. Bruxelas, Bélgica, 9/10/2019. REUTERS/Yves Herman
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Letícia Fonseca-Sourander, correspondente da RFI em Bruxelas

Nas últimas horas, uma maratona de reuniões dos dois lados do Canal da Mancha e a corrida contra o relógio tanto em Londres quanto em Bruxelas para tentar fechar um acordo sobre o Brexit.

Muita pressão, algumas especulações, declarações atravessadas, conversas secretas e tensão nos corredores para se chegar a um consenso que agrade a Europa, o Reino Unido e a Irlanda. 

Na manhã desta quinta-feira (17), antes do Conselho Europeu, o partido norte-irlandês DUP, que não quer nenhuma separação com o resto do Reino Unido e que tem sido o grande obstáculo para o acordo, declarou que não apoia o acordo que está sendo costurado entre o governo britânico e Bruxelas. 

Já o lado europeu mostra um certo ar de otimismo após a nova concessão feita por Londres sobre a fronteira irlandesa. Às vésperas desta reunião crucial dos dirigentes da União Europeia, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, afirmou que "as bases fundamentais do pacto estão prontas, mas que o governo britânico está em dúvida". 

Mesmo assim, existe uma chance de o acordo ser assinado até sexta-feira.

Concessão para a fronteira

A grande questão continua sendo a criação de controles alfandegários entre a Irlanda, que vai continuar integrando o bloco europeu, e a Irlanda do Norte, que é território britânico. Esse é realmente o principal impasse das negociações. 

A nova concessão do primeiro-ministro britânico Boris Johnson é que os controles alfandegários e de normas dos produtos comercializados entre o Reino Unido e Irlanda do Norte sejam realizados no Mar da Irlanda, que separa as duas ilhas. França, Alemanha e Holanda estão preocupadas com a proposta. 

Detalhes do plano de Johnson ainda não foram divulgados. Nesta quarta-feira, o premiê britânico tentou em vão negociar com o seu parceiro de coalizão, o partido norte-irlandês DUP.

No início do mês, o governo britânico apresentou uma proposta para substituir o controverso "backstop" sugerido pela ex-premiê Theresa May. 

De acordo com o plano, a Irlanda do Norte continuaria a pertencer à mesma zona aduaneira do resto do Reino Unido, porém adotaria regulamentos durante o período de transição. 

A ideia foi imediamente rechaçada pela Irlanda e pelo Partido Trabalhista, que criticou o projeto dizendo que prejudicaria as economias do Reino Unido, da Irlanda do Norte e o Acordo de Paz de Sexta-Feira Santa, que pôs fim a décadas de violência sectária na Irlanda do Norte.

Boris Johnson, “figura tóxica”

A única certeza é de que não haverá pompa, nem circunstância para a recepção do premiê britânico em Bruxelas. Nas últimas semanas, Boris Johnson, que sempre foi um defensor ferrenho do Brexit, tem sido visto dentro e fora de seu país como uma figura profundamente tóxica. 

No entanto, apesar da imagem desgastada, Johnson, que lidera a ala mais radical do Partido Conservador, não deve ter a recepção fria sofrida pela ex-premiê, Theresa May. 

Segundo o canal de TV britânico BBC World, fontes europeias afirmaram que o acordo agora está nas mãos de Londres e que depende de ações políticas de Boris Johnson, não mais da União Europeia. 

Enquanto o negociador-chefe da UE para o Brexit, Michel Barnier, se diz otimista, o primeiro-ministro irlandês, Leo Varadkar, afirma que apesar do progresso alguns assuntos precisam ainda de ser resolvidos. 

E se não houver acordo?

O acordo do Brexit é o objetivo deste Conselho Europeu, além das discussões sobre a expansão do bloco e orçamento. Mas se os líderes da UE e Boris Johnson falharem, uma reunião extraordinária pode ser convocada, antes do dia 31 de outubro, prazo para a saída do Reino Unido da União Europeia

No mês passado, Boris Johnson declarou com todas as letras que preferia morrer numa vala do que adiar o Brexit. 

Mas, recentemente, o Parlamento britânico votou uma lei que obriga Johnson a pedir um adiamento do Brexit caso não haja acordo neste Conselho Europeu. 

Neste sábado (19), Boris Johnson vai ter que enfrentar outra prova de fogo. Desta vez, no Parlamento britânico onde o acordo, caso for aprovado em Bruxelas, deve ser votado. 

Todas as vezes que Theresa May levou acordos fechados com a União Europeia o Parlamento britânico rejeitou. 

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