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Linha Direta

Reino Unido e Irlanda tentam desbloquear acordo sobre Brexit

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Os primeiros-ministros do Reino Unido, Boris Johnson, e da Irlanda, Leo Varadkar, se reúnem nesta quinta-feira (10), em mais uma tentativa de destravar as negociações em torno do Brexit. A possível instalação de uma fronteira entre os dois países é um dos pontos mais polêmicos do plano dos britânicos para a saída da União Europeia, marcada para daqui a 21 dias.

O primeiro-ministro britânico Boris Johnson tenta uma última negociação para o Brexit com os líderes europeus nesta quinta-feira (10/10).
O primeiro-ministro britânico Boris Johnson tenta uma última negociação para o Brexit com os líderes europeus nesta quinta-feira (10/10). REUTERS/Peter Nicholls/File Photo
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Maria Luisa Cavalcanti, correspondente da RFI em Londres

Na última sexta-feira, Boris Johnson apresentou à União Europeia uma nova proposta para o Brexit. Ele espera conquistar o apoio do líder irlandês, já que outros líderes europeus rejeitaram a viabilidade do plano. Johnson propõe retirar completamente o Reino Unido da união aduaneira europeia. Isso significa a criação de uma fronteira terrestre com rígidos controles entre a Irlanda do Norte, que é parte do Reino Unido, e a República da Irlanda, que é um país-membro da União Europeia. Ao mesmo tempo, os britânicos querem que a Irlanda do Norte continue dentro do mercado comum europeu. Ou seja, alimentos produzidos no resto do Reino Unido teriam de passar por uma inspeção para poder entrar na Irlanda do Norte.

Na visão do premiê Irlandês, Leo Varadkar, e também na do principal negociador europeu para o Brexit, Michel Barnier, a proposta de Johnson é uma solução temporária, que não foi testada para comprovar sua eficácia. Varadkar acredita que o povo da Irlanda do Norte precisa ser consultado sobre seu futuro, já que, para ele e muitos analistas, as consequências de uma fronteira rígida entre as Irlandas poderia comprometer o acordo de paz de 1998, que pôs fim a décadas de conflito entre os dois lados.

Há poucas semanas, o Parlamento britânico aprovou uma lei que obriga Boris Johnson a pedir a União Europeia uma nova extensão do prazo para o Brexit caso o país não chegue a um acordo para o bloco até 19 de outubro. O primeiro-ministro britânico declarou que prefere “se ver morto em uma vala” do que pedir aos europeus um prazo mais longo do que o de 31 de outubro. Ele se diz confiante em que a proposta que ele apresentou na última sexta-feira seja aceita pelos líderes europeus no encontro do Conselho Europeu, que acontece em Bruxelas nos dias 17 e 18 de outubro.

Neste contexto, Johnson deu sinal verde para que o Parlamento faça uma sessão extraordinária no dia 19 de outubro, um sábado, para decidir o futuro do Brexit. No entanto, ainda não se sabe o que ele pretende fazer naquele dia: se voltar de Bruxelas com um novo acordo no bolso, Johnson poderá submeter o plano ao Parlamento. Caso contrário, terá de pedir um novo prazo aos europeus. Há ainda o risco de ele tentar ignorar a lei, algo que já ameaçou fazer. Mas isso complicaria a situação do premiê dentro do Parlamento e diante da Justiça.

Problemas com a Justiça

O primeiro-ministro teve vários problemas com a Justiça, sofrendo uma derrota importante quando a Suprema Corte declarou ilegal sua decisão de suspender o Parlamento por cinco semanas, em setembro. Aos olhares de muitos especialistas, Johnson praticamente tentou enganar a própria rainha Elizabeth, que teve que concordar com aquela suspensão por uma questão protocolar.

Mais recentemente, foi descoberto que, quando Johnson era prefeito de Londres, ele teria favorecido a destinação de verbas públicas a uma jovem empresária americana com quem ele teria tido relações íntimas – uma situação pela qual ele também está sendo investigado. Desde que assumiu o poder, o premiê perdeu vários aliados dentro do Partido Conservador e a própria maioria parlamentar. Mas curiosamente seu partido se mantém na liderança das pesquisas de opinião caso sejam convocadas eleições antecipadas.

 

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