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Linha Direta

Com coalizão "Geringonça", socialista António Costa desponta como vencedor do pleito em Portugal

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Depois de governar quatro anos em uma coalizão de esquerda apelidada de “Geringonça” e de colocar as contas deficitárias do país em ordem, o socialista português António Costa aparece como o grande favorito às eleições legislativas do próximo domingo (6).

Antonio Costa, primeiro-ministro de Portugal.
Antonio Costa, primeiro-ministro de Portugal. © RFI/Dominique Baillard
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Adriana Niemeyer, correspondente da RFI em Lisboa

Todos os candidatos estão nas ruas das principais cidades portuguesas junto com seus correligionários, equipados de bumbos e bandeiras partidárias na tradicional “arruada”, para captar o voto dos indecisos, que ainda são numerosos. Com a proximidade da votação, a distância entre os socialistas e o partido de centro-direita diminuiu para 10 pontos percentuais, o que não chega a comprometer as chances de Costa ser reconduzido ao poder, já que o Partido Socialista tem 38% das intenções de voto.

Para os socialistas, desde o princípio da campanha, a maior interrogação nestas eleições não é se haverá vitória ou derrota, e, sim, se terão a maioria parlamentar ou não. Até por esse motivo, a campanha eleitoral tem sido mais do que morna e tem atraído pouco o interesse dos eleitores. Nem mesmo os debates televisivos acenderam alguma grande discussão pública, já que tanto os socialistas quanto os democratas de centro-direita têm programas semelhantes.

Nenhum dos partidos tradicionais tem posição radical à esquerda ou à direita. Apenas o novo partido de extrema direita – Chega – tenta obter votos com ideias xenófobas, mas não consegue chegar a mais de 1% das intenções de voto.

A disputa entre os partidos passa por conseguir mais um ou dois deputados para ter alguma voz no Parlamento e maior poder de negociação, caso os socialistas não obtenham a maioria absoluta.

Casa em ordem

Nos últimos quatro anos, a coalizão liderada por Costa conseguiu reduzir o déficit de Portugal de 4,4% para 0,2%. O país registrou um crescimento maior que a média da União Europeia. Agora, com a promessa de aumentar o investimento público, ao mesmo tempo em que apresenta um mandato no qual conseguiu colocar as contas públicas em ordem, Costa transmite uma mensagem de otimismo aos portugueses. O premiê tem carisma e é visto como um líder moderado. Falta melhorar o grau de investimento em saúde, justiça, educação e benefícios sociais, que estão muito aquém de outros países europeus.

António Costa chegou de uma forma inédita ao poder, e mesmo sem ter sido o mais votado, formou com os comunistas e o Bloco da Esquerda a chamada “Geringonça”, uma espécie de mecanismo provisório para poder governar. Ao contrário das previsões da direita, ele conseguiu terminar o mandato de quatro anos e ainda se apresenta como a única alternativa viável para o país.

O grande trunfo deste governo é a continuidade do ministro das Finanças português, Mario Centeno, que há quatro anos começou sendo apelidado como “o pior aluno da classe” pelos seus colegas europeus, e termina essa legislação não só como um grande dirigente da equipe econômica portuguesa, mas também como presidente do Eurogrupo.

Defesa dos animais e natureza

As últimas pesquisas dão ao Partido Socialista 38% dos votos, o equivalente a 104 cadeiras no Parlamento. Para obter a maioria, os socialistas continuarão precisando do Bloco de Esquerda, que deve conquistar 17 assentos, ou do Partido Comunista Português, cotado para eleger 16 deputados. Basta o apoio de um dos dois que estiveram ao lado dos socialistas na "Geringonça". A centro-direita deverá eleger 77 deputados, 12 representantes a menos que na última eleição de 2015.

A grande novidade é o bom crescimento do PAN (Pessoas, Animais e Natureza), que defende o vegetarismo e a ecologia e que deve passar de um para nove deputados no Parlamento, roubando eleitores do Bloco de Esquerda e dos Verdes. Existe ainda o grande peso dos indecisos, que representam quase 30% dos eleitores. A abstenção pode chegar a 47% do eleitorado, um número ainda maior que nas eleições de 2015.

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