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Espanha

Em plena crise política, Espanha se prepara para novas eleições

A Espanha se encaminha para novas eleições legislativas depois que o atual chefe de governo, Pedro Sánchez, não conseguiu os apoios necessários para se manter no poder. Cinco meses depois de vencer o pleito, o líder socialista culpa os conservadores do Partido Popular, os liberais do Cidadãos e a esquerda radical do Podemos pelo impasse.

O chefe do governo espanhol, Pedro Sánchez, espera que a eleição marcada para novembre resulte em uma maioria capaz de formar um governo.
O chefe do governo espanhol, Pedro Sánchez, espera que a eleição marcada para novembre resulte em uma maioria capaz de formar um governo. REUTERS/Sergio Perez
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Incapaz de reunir apoios externos para um governo, o primeiro-ministro pediu novamente nesta quarta-feira (18) uma maioria ampla para comandar a Espanha. "Duas forças políticas conservadoras e uma força de esquerda preferiram bloquear o partido do governo que as urnas pediram”, disse Sánchez.

Como o atual premiê era o único candidato com possibilidades de tomar posse como chefe de Governo, o Parlamento deve anunciar sua dissolução na próxima semana para que novas eleições sejam convocadas em 10 de novembro. Esse será o quarto processo eleitoral em quatro anos de instabilidade e fragmentação política no país.

"Espero que os espanhóis concedam uma maioria mais robusta, em caso de vitória do Partido Socialista, para que vocês não tenham a capacidade de bloquear a formação de um novo governo, que é do que a Espanha necessita", insistiu o socialista aos deputados da oposição durante um debate no Congresso.

No poder desde junho de 2018, quando desbancou o conservador Mariano Rajoy com uma moção de censura, Sánchez pediu estabilidade diante dos desafios da desaceleração econômica mundial e do Brexit. Ele também lembrou o risco de uma provável escalada da crise catalã com o anúncio em breve da sentença contra os líderes independentistas que estimularam a tentativa de secessão de 2017.

Em julho, Sánchez perdeu duas votações para tomar posse depois que as negociações com o partido Podemos fracassaram. A esquerda radical considerou insuficiente o espaço oferecido em um governo de coalizão e se negou a participar.

As pesquisas apontam uma nova vitória socialista em novembro, mas outra vez sem maioria absoluta.

Política espanhola se 'italianiza'

A Espanha vive um clima de instabilidade desde que o sistema bipartidário do PSOE-PP foi pelos ares em 2015, com o surgimento do Podemos e do Cidadãos. Com isso, as maiorias absolutas ficaram no passado.

Desde então, o país está mergulhado em um longo bloqueio político. Os partidos são incapazes de fechar acordos de governo, devido à fragmentação política, aos cálculos estratégico e à quase inexistente tradição de pactos.

Muitos analistas destacam, porém, que os espanhóis estão cansados de tantas eleições. Nesse contexto, a participação pode se tornar uma incógnita.

"Nós nos 'italianizamos', mas sem a capacidade dos italianos de negociar em um contexto de instabilidade crônica", ironizou José Ignacio Torreblanca, do "think tank" European Council on Foreign Relations, em entrevista à AFP. O especialista faz a alusão situação da Itália, onde Movimento 5 Estrelas (M5E, antissistema) formou um governo há um ano com a Liga (extrema direita) e, recentemente, coligou-se ao Partido Democrata (PD, social democrata). "A coalizão no futuro será uma realidade, mas os partidos ainda não entenderam isso. Precisamos de uma mudança de mentalidade", concluiu Román.

(Com informações da AFP)

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