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Reino Unido

Britânicos protestam contra manobra de Johnson para passar Brexit à força

Milhares de britânicos participam de manifestações neste sábado (31) contra a decisão do primeiro-ministro Boris Johnson de suspender os trabalhos do Parlamento por cinco semanas, a dois meses do Brexit. De Londres a Belfast, na Irlanda do Norte, defensores da permanência do país na União Europeia condenam o "golpe de força" antidemocrático do político conservador.

Em Londres, manifestantes opositores ao Brexit carregavam cartazes denunciando os interesses de Donald Trump no Reino Unido e a irrelevância da rainha Elizabeth II.
Em Londres, manifestantes opositores ao Brexit carregavam cartazes denunciando os interesses de Donald Trump no Reino Unido e a irrelevância da rainha Elizabeth II. REUTERS/Peter Nicholls
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Os cartazes exibidos nas ruas de Edimburgo, Glasgow, Manchester, Cardiff e dezenas de cidades espalhadas pelo país demonstram a revolta de uma parcela da população britânica com a determinação de Johnson de concretizar o Brexit na data prevista, 31 de outubro, provavelmente sem um acordo com os europeus.

Em frente à sede do governo, em Londres, opositores gritavam: "Johnson mentiroso, que vergonha!". Em faixas e cartazes, os britânicos pintaram frases como "outra Europa é possível", "#parem o golpe", "escândalo constitucional",  "vamos defender nossa democracia" e "salve o nosso futuro". Colagens associando as relações opacas entre Johnson e o presidente americano, Donald Trump, e até a "irrelevância" da rainha Elizabeth II apareceram nas ruas.

Em Belfast, capital da Irlanda do Norte, região britânica que se vê no centro do impasse com os europeus, devido ao possível retorno de uma fronteira com a República da Irlanda, membro da União Europeia, cerca de 200 pessoas protestaram em frente à prefeitura.

Mobilização contra medida

O Parlamento britânico ainda está em recesso de verão e volta ao trabalho na semana que vem. Mas, a suspensão dos trabalhos de 10 de setembro a 14 de outubro, conforme Johnson propôs e foi aceito pela rainha Elizabeth II, deixa poucos dias para os deputados aprovarem novas leis visando adiar ou atenuar os efeitos do Brexit. O primeiro-ministro conservador argumentou que é costume suspender o Parlamento antes que um novo Executivo apresente seu programa de governo, o que ocorre junto com o tradicional discurso da rainha. Johnson escolheu a data de 14 de outubro, a duas semanas do Brexit.

Os opositores denunciam uma suspensão particularmente longa, inaceitável em tempos de crise e ainda uma manobra grosseira para abafar os debates sobre o Brexit. Na próxima terça-feira (3), os parlamentares da oposição tentarão impedir a interrupção dos trabalhos e aprovar um instrumento legislativo para evitar uma saída do país da União Europeia sem acordo.

Por mais que seja legal, a avaliação de analistas é a de que a decisão de Johnson não segue o espírito democrático do país. Pelo contrário: seria um ataque a uma das democracias mais consolidadas do mundo. Fala-se de abuso de poder. Poucas horas depois do anúncio da medida, na quarta-feira (28), uma petição pedindo que a medida fosse revertida recebeu mais de 1,5 milhão de assinaturas.

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