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Linha Direta

Sucesso eleitoral da extrema direita colabora com clima de terror na Alemanha

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O extremismo de direita parece chegar a um novo patamar na Alemanha. Teme-se até uma nova onda de ataques neonazistas contra homens e mulheres públicos, após o assassinato de um político favorável a acolhida de imigrantes e da revelação de ameaças de morte contra prefeitos engajados a favor de refugiados. O sucesso do partido de extrema direita AfD em eleições na Alemanha é apontado como responsável por esse clima de terror.

Um manifestante em Chemnitz, no leste da Alemanha, durante um protesto da extrema direita, em setembro de 2018, mostra um cartaz com os dizeres: «Quem não ama a Alemanha deveria deixar o país".
Um manifestante em Chemnitz, no leste da Alemanha, durante um protesto da extrema direita, em setembro de 2018, mostra um cartaz com os dizeres: «Quem não ama a Alemanha deveria deixar o país". REUTERS/Hannibal Hanschke
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Marcio Damasceno, correspondente da RFI na Alemanha

Segundo a presidente do partido CDU da chanceler Angela Merkel, Annegrett Kramp-Karrenbauer, esse clima de terror tem tudo a ver com o atual sucesso da extrema direita em eleições na Alemanha. Ela afirmou nesta semana que o assassinato de Walter Lübke, no início do mês em Kassel, é uma consequência direta do discurso de ódio propagado pelo partido de extrema direita AfD, atualmente a maior força parlamentar de oposição.

O AfD ainda continua em alta nas pesquisas. No fim de semana passado, a legenda por pouco não conquista sua primeira prefeitura na Alemanha. O candidato do partido só perdeu a eleição depois que todos os outros partidos se uniram para apoiar o adversário. A agremiação também deve comemorar bons resultados nas eleições estaduais no leste da Alemanha, agendadas para o próximo semestre.

Venezuelanos dominam pedidos de asilo

Mas essa alta parece ter mais a ver com o enfraquecimento dos partidos tradicionais do que com o crescimento da importância do tema da migração em campanhas políticas. A entrada de refugiados tem diminuído na Europa. Recentemente o número de pedidos de refúgio no continente teve um novo crescimento, mas devido a migrantes venezuelanos, que já entram no bloco em maior número do que os sírios.

Há inclusive analistas que especulam que o aumento da periculosidade desses grupos pode estar relacionado justamente à queda de popularidade de bandeiras da extrema direita. Essa onda de violência poderia ser, segundo eles, uma expressão de desespero e frustração pelo fracasso de movimentos como o Pegida, por exemplo. Há meses que ninguém mais fala nesse grupo islamofóbico na Alemanha.

Ameaças de morte

Pelo menos dois políticos locais foram ameaçados de morte: a prefeita de Colônia, Henriette Reker, e Andreas Hollstein, prefeito de Altena, uma cidadezinha no oeste da Alemanha. Curiosamente, ambos são sobreviventes de atentados a faca motivados politicamente, exatamente devido a suas posições a favor da acolhida de imigrantes.

A polícia confirmou nessa quinta-feira (20) que esses dois políticos receberam recentemente novas ameaças de morte, as últimas delas depois do assassinato de Walter Lübcke, político de Kassel, morto com um tiro na cabeça. O principal suspeito do crime é um militante neonazista.

Outros políticos regionais relataram receberem frequentes intimidações por suas posições políticas a favor de uma política liberal de imigração. Entre eles, o prefeito de Cottbus e de Frankfurt Oder ambas no oeste da Alemanha.

O jornal Berliner Zeitung reporta também que diversos políticos locais da capital alemã conhecidos por suas posições contra o racismo e a xenofobia relataram ser alvos de intimidações, ameaças de morte e mensagens ofensivas.

Relação entre assassinato e ameaças

As autoridades policiais dizem que estão ainda investigando se há relação entre as intimidações e o homicídio. Mas pelo menos no caso da prefeita de Colônia, a mídia alemã relata que as últimas ameaças têm motivos de extrema direita e têm relação com o assassinato de Lübcke. Uma das mensagens à prefeita diria que a "fase de limpeza que está por vir" já teria começado com o assassinato de Lübcke.

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