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Linha Direta

Estocolmo: congresso mundial discute desafios da mobilidade urbana sustentável

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Metade dos sete bilhões de habitantes do planeta já vivem em metrópoles - e segundo as Nações Unidas, esse índice deve chegar a 68% em 2050. Na Suécia, especialistas reunidos esta semana no maior congresso mundial do setor de transportes públicos alertam que o desafio da mobilidade urbana sustentável exige ações mais audaciosas, inovadoras e coordenadas entre a sociedade civil e os setores público e privado.

Congresso em Estocolme discute desafios do transporte urbano sustentável.
Congresso em Estocolme discute desafios do transporte urbano sustentável. Divulgação/UITP
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Cláudia Wallin, correspondente da RFI em Estocolmo

 

O Congresso da União Internacional de Transportes Públicos (UITP) reúne na capital sueca quase três mil especialistas, empresários e autoridades de 80 países, além de 15 mil visitantes internacionais. O tema deste ano é ‘A Arte do Transporte Público’, frente aos desafios representados pelo acelerado crescimento populacional nas cidades e a ameaça do aquecimento global.

Na visão dos especialistas, a solução para atingir um modelo de mobilidade urbana sustentável requer uma abordagem holística mais contundente. Segundo eles, é preciso integrar de maneira mais eficaz diferentes sistemas de transportes, e unir esforços públicos e privados para criar ambientes mais sustentáveis nos centros urbanos. A solução passa pela adoção de inovações tecnológicas, veículos elétricos, compartilhamento de carros, veículos autônomos, incentivo aos ciclistas - e soluções criativas.

Ônibus elétricos com emissão zero

Em termos de inovação tecnológica, as grandes estrelas do congresso na capital sueca são os novos modelos de ônibus de emissão zero - como o eCitaro, o primeiro ônibus urbano totalmente elétrico da Mercedes-Benz.

A empresa sueca Scania também apresentou o seu novo conceito de veículo elétrico autônomo, o NXT. Com design inovador, o carro pode ser usado como ônibus, caminhão de carga ou veículo de coleta de lixo, a fim de permitir um uso flexível: o NXT vai transportar passageiros no horário do rush, entregar mercadorias durante o dia e coletar o lixo à noite.

“O que decidimos no Acordo de Paris (para reduzir o avanço do aquecimento global) não foi nos sentarmos e esperarmos que a solução perfeita apareça nos próximos anos. Precisamos agir já”, disse na conferência o CEO da fabricante sueca Scania, Henrik Henriksson.

Maior autonomia e segurança

De forma geral, os novos veículos autônomos desenvolvidos por diferentes fabricantes poderão aumentar a capacidade de transportes nas estradas, um vez que serão capazes de viajar com menor distância entre si e a velocidades mais elevadas. Além disso, especialistas estimam que a redução do fator humano nos transportes, com a introdução dos veículos autônomos, poderá diminuir o risco de acidentes em até 90%.

Iniciativas inovadoras

De acordo com os participantes do congresso, a abordagem holística também envolve soluções inovadoras por parte de autoridades públicas, assim como maiores incentivos para o uso dos transportes públicos.

Na Cidade do Cabo, na África do Sul, a prefeitura criou uma parceria com ONGs e diferentes atores para dar a todas as crianças a oportunidade de usar bicicletas para irem à escola. O projeto é parte de uma ampla estratégia junto à população para reduzir a congestão no trânsito através da promoção de outros tipos de transporte.

Em Buenos Aires, na Argentina, as autoridades vêm concentrando seus esforços na tentativa de propiciar opções de transporte mais baratas para cidadãos de menor renda. O subsecretário de governo de Buenos Aires, Esteban Galuzzi, falou em Estocolmo sobre a criação de uma tarifa social, com uma taxa de desconto de 50%.

Em várias cidades do mundo, soluções criativas vêm sendo implementadas para fazer frente ao desafio da mobilidade urbana sustentável. Um dos exemplos pioneiros veio de Pequim, na China, onde foram instalados pontos em estações do metrô para a troca degarrafas PET por passagens - uma ideia que estimulou tanto o uso do transporte coletivo como a reciclagem. Outra solução inovadora foram os teleféricos de Medellin, na Colômbia.

Insustentabilidade brasileira

No Brasil, fatores como as crescentes taxas de urbanização e as limitações das políticas públicas de transporte coletivo têm produzido um aumento expressivo do número de veículos individuais, e consequentemente um modelo insustentável. A resposta tradicional aos problemas de congestionamento, por meio do aumento da capacidade viária, estimula o uso do carro e gera novos engarrafamentos, alimentando um ciclo vicioso responsável pela degradação da qualidade do ar, aquecimento global e comprometimento da qualidade de vida nas cidades. A falta de infraestrutura adequada para o uso da bicicleta também é um dos principais problemas para um desenvolvimento mais sustentável.

Os desafios são muitos, mas também há avanços em algumas cidades. Um exemplo é Fortaleza, que no ano passado foi a vencedora do Sustainable Transport Award (Prêmio de Transporte Sustentável, em tradução livre) – uma competição global de projetos e intervenções inovadoras que promovem a mobilidade urbana de forma sustentável e inclusiva. Desde 2014, a cidade expandiu a rede cicloviária em mais de 240% e tem investido em Iniciativas como a implantação do Bilhete Único e faixas exclusivas para os coletivos, além da disponibilização de quatro sistemas de bicicletas compartilhadas e de um sistema de carros elétricos também compartilhados.

Outras iniciativas

Com a ameaça do aquecimento global e o crescente aumento populacional, mesmo as cidades com as melhores condições de mobilidade urbana do mundo, como Estocolmo, planejam estratégias para otimizar a mobilidade urbana.

Cada vez mais é necessário pensar em meios de transporte mais sustentáveis, a fim de reduzir o impacto ambiental provocado pelos transportes de massa. A Suécia prevê a eliminação de combustíveis fósseis até 2050, e a Alemanha planeja a adoção exclusiva de veículos elétricos até 2030. O Reino Unido também pretende tirar todos os carros a gasolina e diesel das ruas até 2050.

O Congresso da União Internacional de Transportes Públicos será encerrado nesta quarta-feira (12).

 

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