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Papa Francisco / Vaticano / Roma

Papa Francisco alerta para os riscos da Igreja Católica se tornar uma seita

Neste domingo (9), o Papa Francisco se mostrou preocupado com a tentação do sectarismo, lembrando que “do ninho à seita, o passo é curto”.

Padres assistem à missa de Pentecostes celebrada neste domingo (9) pelo Papa Francisco no Vaticano, 09/06/2019
Padres assistem à missa de Pentecostes celebrada neste domingo (9) pelo Papa Francisco no Vaticano, 09/06/2019 REUTERS/Remo Casilli
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“Existe sempre a tentação de se construir ninhos para se reunir em torno do próprio grupo, de suas próprias preferências, o semelhante com o semelhante, alérgico a qualquer contaminação”, declarou o pontífice durante a missa de Pentecostes na praça de São Pedro, em Roma. Para Francisco, isso acontece dentro da própria Igreja: “Quantas vezes definimos nossa identidade indo contra alguém ou alguma coisa? ”, completou.

"Hoje, no mundo, as desarmonias tornaram-se divisões reais. Há quem tenha demais e há quem não tenha nada, aqueles que procuram viver cem anos e aqueles que não podem nascer. Na era da tecnologia, estamos distanciados: mais ‘social’, mas menos sociáveis”, lamentou o Papa.

O pontífice presidiu a celebração em que os católicos comemoram a vinda do Espírito Santo sobre os apóstolos e na sua homilia defendeu a necessidade dos homens encontrarem paz e harmonia, para que se sintam calmos "mesmo quando as ondas estejam agitadas”.

Nervosismo contínuo

Francisco criticou "a corrida imposta pelo nosso tempo", que marginaliza a harmonia e leva as pessoas a correrem, "movidas por um nervosismo contínuo" que as faz "reagir mal a tudo". "A solução rápida é procurada, uma pílula após a outra para continuar, uma emoção atrás da outra para se sentirem vivos", disse.

Em vez de continuar com essa dinâmica, o Papa encorajou a "colocar a ordem no frenesi", na impaciência, e a sentir paz. “Em vez de inquietação, confiança; e em vez de desânimo, alegria e não tristeza”, afirmou.

Finalmente, repudiou que nas sociedades atuais esteja "na moda adjetivar" e insultar, ações que acabam por prejudicar "tanto aqueles que são insultados quanto aqueles que insultam". "Retornando o mal com o mal, passando das vítimas para os executores, não vivemos bem, mas aqueles que vivem de acordo com o Espírito trazem paz onde há discórdia, concórdia onde há conflito", afirmou.

Roma

Durante outra missa realizada no sábado (8), o Papa incentivou os fiéis de Roma a estarem mais atentos aos “gemidos” do povo que mora na cidade. “Para conseguirmos ouvir os gritos da cidade de Roma, precisamos que o Senhor nos pegue pelas mãos e nos faça mudar nossas posições, para descermos entre nossos irmãos que moram aqui”, declarou o pontífice argentino perante um público de 50 mil pessoas, incluindo a prefeita de Roma, Virginia Raggi.

Nas últimas semanas, o Papa aumentou o número de discursos a favor dos mais carentes, principalmente estrangeiros, que vivem com dificuldade na “Cidade Eterna”. No começo de maio, ele se mostrou preocupado com as ameaças proferidas por moradores de um bairro popular contra uma família cigana que tinha acabado de conseguir uma moradia social.

Também em maio, houve uma polêmica envolvendo o ministro do Interior do país, Matteo Salvini, chefe da Liga (extrema direita), quando um Cardeal, desobedecendo as ordens da polícia, restabeleceu a eletricidade em um prédio invadido por 150 famílias ciganas. Na ocasião, Salvini afirmou que dar prioridade aos italianos é uma “questão de decência”. Ele também disse ironicamente que “o Vaticano deveria ajudar todos os italianos que não conseguem pagar a conta de água e luz”.

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