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Linha Direta

Tsunami político na Áustria freia avanço da extrema direita do país nas eleições europeias

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Às vésperas das eleições europeias, ministros do ultraconservador Partido da Liberdade da Áustria (FPÖ) deixaram o governo na segunda-feira (20), depois que veio à tona um escândalo envolvendo o então vice-chanceler e líder da extrema direita, Heinz-Christian Strache. O tsunami político deve ter consequência nas urnas: pesquisas já apontam a queda na intenção de votos para a legenda populista.

Com o escândalo da extrema direita na Áustria, população saiu às ruas de Viena, no domingo (19), para incitar eleitores a votarem contra legendas populistas nas eleições europeias.
Com o escândalo da extrema direita na Áustria, população saiu às ruas de Viena, no domingo (19), para incitar eleitores a votarem contra legendas populistas nas eleições europeias. REUTERS/Lisi Niesner
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Letícia Fonseca-Sourander, correspondente da RFI em Bruxelas

A renúncia dos ministros é um desdobramento de uma crise política sem precedentes na Áustria, que teve início no último fim de semana, quando a imprensa alemã publicou um vídeo comprometedor com o então líder da extrema-direita e vice-chanceler austríaco, Heinz-Christian Strache. Ele pretendia fechar contratos públicos em troca de apoio financeiro para sua campanha eleitoral com a suposta sobrinha de um oligarca russo.

A divulgação do vídeo explosivo filmado em Ibiza forçou a renúncia de Strache, implodiu a coalizão ultraconservadora que formava o governo e levou o chanceler austríaco, Sebastian Kurz, a demitir o ministro do Interior, Herbert Kickl, para garantir uma investigação transparente sobre o escandâlo.

Após a queda de Kickl, os ministros da Defesa, do Trabalho e do Transporte também resolveram abandonar suas pastas. Todos eram filiados ao principal partido de extrema-direita do país, o Partido da Liberdade (FPÖ). Com o escândalo, a coalizão governista de conservadores e extrema-direita que comandava o país desde 2017 caiu e eleições foram antecipadas para setembro.

Queda de 6% nas intenções de voto

Além das fronteiras austríacas, o escândalo apelidado de "Ibizagate" não deve influenciar o voto europeu: dificilmente haverá um efeito dominó a curto prazo na cabeça do eleitor de outros países do bloco. No entanto, na Áustria o caso já está freando o avanço da extrema-direita no país.

De acordo com as últimas pesquisas, o FPÖ registrou uma queda de 6% das intenções de voto, caindo de 24% para 18%. A Áustria irá eleger 18 dos 751 deputados do Parlamento Europeu nas eleições que começam na quinta-feira (23).

Apesar do grande número de partidos nacionalistas e populistas concorrendo nas urnas, Bruxelas espera um avanço limitado destas legendas e acredita que os partidos democráticos devem continuar no comando das decisões da União Europeia.

Suspeita de envolvimento da Rússia

Especialistas acreditam que o “Ibizagate” é apenas a ponta de um iceberg. Segundo analistas, outros partidos de extrema-direita na Europa receberiam dinheiro estrangeiro para influenciar a política europeia. Esse seria o caso da Reunião Nacional, de Marine Le Pen, na França, do Alternativa para a Alemanha (AfD), o Partido do Brexit, de Nigel Farage, no Reino Unido, e do populista Fidesz, de Viktor Órban, na Hungria.

O Kremlin é acusado de estar por trás destes financiamentos. Há dois anos, a campanha presidencial de Le Pen contou com dinheiro proveniente de bancos russos. Segundo a imprensa italiana, o populista Matteo Salvini, que é vice-primeiro ministro e ministro do Interior da Itália, teria cogitado receber recursos vindos da Rússia, que prefere ver uma Europa fragmentada.

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