Justiça russa suspende prisão domiciliar do cineasta Serebrennikov
A justiça russa retirou nesta segunda-feira (8) a ordem de prisão domiciliar do diretor de cinema e teatro Kirill Serebrennikov. Acusado de suposta fraude, ele estava detido em casa há quase dois anos.
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Serebrennikov está sendo julgado por fraude, acusado de supostamente ter desviado 130 milhões de rublos (R$ 7,6) de subsídios públicos destinados a seu teatro em Moscou, graças a um sistema de orçamentos e notas fiscais falsas entre 2011 e 2014. O diretor sempre negou as acusações e sua prisão foi contestada pela comunidade internacional, que via na decisão da Justiça uma forma de censura imposta pelo Kremlin.
Diretor artístico do Centro Gogol, Serebrennikov transformou o local em um verdadeiro pulmão da cultura contemporânea em Moscou. Para seus partidários, ele paga por sua liberdade de criação e por suas obras frequentemente ousadas, que misturam política, sexualidade e religião, em um país onde as autoridades promovem os valores tradicionais e conservadores.
No início do julgamento, em novembro, o promotor o acusou de ter coordenado "um grupo criminoso" com o objetivo de enriquecimento pessoal. Mas o diretor respondeu que trabalha apenas em "processos artísticos e na criação de programas" e declarou que não roubou nada.
Sem internet e telefone
Desde que teve sua prisão domiciliar decretada, em agosto de 2017, Serebrennikov está sem acesso a telefone ou internet. Com a decisão da justiça, ele poderá se deslocar livremente, mas não tem autorização para deixar Moscou.
Apesar da restrição, o cineasta celebrou a decisão. “Obrigado a todos que vieram me ver e me apoiaram (...). Isso me ajudou muito”, disse Serebrennikov. “Mas ainda não acabou. Vamos continuar na Justiça até que minha inocência seja totalmente provada”, declarou o diretor, que pretende retomar rapidamente suas atividades profissionais.
Aclamado em Cannes mesmo sem sair de casa
Mesmo durante sua prisão domiciliar, o diretor conseguiu trabalhar em vários filmes e espetáculos. Um de seus projetos durante esse período foi o filme “Leto”, aclamado no Festival de Cannes, em 2018.
Em março também estreou em Hamburgo (Alemanha) sua versão da ópera de Verdi "Nabucco". Para preparar o espetáculo, os ensaios eram filmados com um telefone celular e enviados ao advogado do artista, que os passava para cartões de memória e entregava ao diretor. Serebrennikov filmava seus comentários, que eram transmitidos a Hamburgo.
(Com informações da AFP)
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