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Itália tenta criar união da extrema direita europeia

A pouco mais de um mês das eleições europeias, Matteo Salvini, líder do governo italiano e chefe da extrema direita da península, lançou nesta segunda-feira (8), em Milão, um apelo em favor da união dos nacionalistas na Europa.

Matteo Salvini, Olli Kotro, Jörg Meuthen e Anders Vistisen reunidos em Milão, em 8 abril de 2019.
Matteo Salvini, Olli Kotro, Jörg Meuthen e Anders Vistisen reunidos em Milão, em 8 abril de 2019. REUTERS/Alessandro Garofalo
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Salvini propõe uma aliança no bloco, visando as eleições de 23 a 26 de maio de 2019. "Estamos trabalhando em um novo sonho europeu", declarou o líder italiano, ao lado de Jörg Meuthen, do partido da extrema direita alemã, de Olli Kotro, da extrema direita finlandesa, e de Anders Vistisen, da extrema direita dinamarquesa.

"Queremos reformar a União Europeia e o Parlamento Europeu sem destruí-los. Queremos trazer uma mudança radical ", completou Jörg Meuthen, presidente do partido alemão Alternativa para a Alemanha (AfD).

Segundo, Jörg o novo grupo a ser formado no Parlamento Europeu seria composto por pelo menos dez partidos e receberia o nome de Aliança dos Povos e Nações Europeias.

Divergências

Embora todos sejam eurocéticos, critiquem o islamismo político e rejeitem o multiculturalismo, os partidos de extrema direita da Europa têm algumas divergências, principalmente sobre temas ligados à economia ou à relação com a Rússia.

Enquanto Salvini professa sua admiração pelo presidente russo Vladimir Putin, o polonês Jaroslaw Kaczynski o rejeita. Tanto Salvini quanto Kaczynski são anti-imigração, porém, eles não concordam sobre a maneira de gerenciar os migrantes e têm pontos de vista divergentes sobre a economia, já que Roma é doadora ao orçamento europeu e Varsóvia beneficiária.

Desestabilizada por divergências sobre questões como gastos públicos e reivindicações independentistas, a extrema direita europeia divide-se, atualmente, em três grupos: Europa das Nações e Liberdades (RN, da França, e a Liga, da Itália,) Europa da Liberdade e da Democracia Direta (Movimento 5 Estrelas, da Itália, França de Pé e Os Patriotas, da França, e UKIP, do Reino Unido) e os Conservadores e Reformistas Europeus (CRE, grupo que inclui o partido polonês Direito e Justiça).

Salvini reconheceu que os movimentos soberanistas têm diferenças, mas explicou que todos estão fundados "nas identidades e tradições" e garantiu que sua aliança deve aumentar antes da eleição europeia, a fim de se tornar "uma força de governo e mudança na Europa". Ele prometeu materializar essa aliança no próximo encontro em Milão, no dia 18 de maio.

Para Matteo Salvini, que chegou ao poder na Itália há cerca de um ano, as eleições europeias serão uma oportunidade para construir pontes entre populistas, aproveitando-se da rejeição dos eleitores aos partidos tradicionais.

Previsões de crescimento

Se os dois principais grupos da Câmara Europeia, o partido Social-democrata (S&D) e o Partido Popular Europeu (PPE), duvidam da perda de sua maioria de coalizão, a extrema direita espera crescer em número e, assim, poder bloquear as decisões no Parlamento.

De acordo com sondagens eleitorais recentes, a Liga poderia quadruplicar os resultados obtidos nas últimas eleições, em 2014, quando ganhou sete cadeiras para seus eurodeputados.

Dentro deste mesmo grupo Europa das Nações e Liberdades, o RN alcançaria vinte lugares, enquanto, na Áustria, o Partido da Liberdade do vice-chanceler Heinz-Christian Strache goza de uma dinâmica favorável, que poderia elevar o número total do grupo para 61 lugares (em comparação com os 37 atuais).

Apesar da esperança de um avanço nas urnas, o lançamento da frente de direita foi marcado por ausências de peso, como a de Marine Le Pen, que alegou problemas de agenda. Jaroslaw Kaczynski, líder dos eurocépticos poloneses do partido Direito e Justiça, e o Fidesz, partido do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, não estiveram presentes.

Diálogo afinado

"Nós podemos propor uma nova Europa porque nunca governamos” (em Bruxelas), disse Matteo Salvini, que assegurou que outros dos seus aliados europeus, incluindo o RN, de Marine Le Pen, se juntariam a esta aliança.

Para os grupos de extrema direita da Dinamarca, Finlândia e Suécia, que veem Moscou como uma ameaça, as simpatias de Salvini e Le Pen em relação à Russia constituem um alerta.

Dentro do RN, um porta-voz enfatiza haver muita afeição entre Matteo Salvini e Marine Le Pen, que se comunicam com muita frequência. "O problema é que ele não fala francês e ela não fala italiano. Então eles sorriem, e se comunicam um pouco em inglês. Mas, além disso, precisam de tradução ".

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