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Itália/prisão

Itália: Condenado à prisão perpétua, Battisti admite responsabilidade em 4 assassinatos

O ex-ativista de extrema esquerda, Cesare Battisti, que permaneceu foragido durante 40 anos, reconheceu para um juiz italiano que é responsável por quatro assassinatos cometidos nos anos 1970.

Cesare Battisti é escoltado pela polícia do aeroporto de Ciampino, em Roma, Itália, em 14 de janeiro de 2019.
Cesare Battisti é escoltado pela polícia do aeroporto de Ciampino, em Roma, Itália, em 14 de janeiro de 2019. REUTERS/Max Rossi
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Esta é a primeira vez que Cesare Battisti, que foi extraditado em janeiro para a Itália, onde cumpre pena de prisão perpétua, admite ser responsável pelos crimes que renderam sua condenação à revelia. O anúncio foi feito pelo promotor de Milão, Alberto Nobili, citado pela imprensa italiana.

Battisti, 64 anos, reconheceu todas as acusações, segundo o promotor. De acordo com Nobili, essa confissão “inesperada” aconteceu durante o interrogatório de Battisti, ocorrido no sábado e no domingo.

"Com essa declaração, ele esclarece muitas controvérsias, presta homenagem às autoridades policiais e à magistratura de Milão e reconhece que agiu de maneira brutal", disse, em uma coletiva, o procurador geral Francesco Greco. Durante o interrogatório, que durou 9 horas, Battisti pediu desculpas pela dor causada às famílias das vítimas.

"Não se tratou de uma confissão", avalia Greco. "Ele queria esclarecer como eram esses anos, esse período histórico", explicou. "Ele parou de atacar o sistema judiciário da Itália e decidiu ser claro", comentou Nobili, referindo-se à longa história de verdade e mentiras de Battisti, considerado um "terrorista cruel" na Itália e na França e no Brasil um mero perseguido político.

"Tudo o que está escrito nas sentenças é verdade", disse Battisti ao seu advogado, Davide Steccanella, acrescentando que também se arrependeu de ter acreditado na luta armada. "A luta armada impediu o desenvolvimento da revolução social, política e cultural desencadeada pelo movimento de 1968, que teria sido absolutamente positiva e teria levado o país ao progresso cultural, social e político", disse Battisti aos juízes.

Na Itália, a prisão de Battisti foi unanimemente elogiada, da direita à esquerda do espectro, em particular porque o ex-chefe dos Proletários Armados pelo Comunismo (PAC) sempre alegou sua inocência e nunca se arrependeu.

Fuga de 40 anos

Battisti foi condenado em 1981 pela morte, em 1978, de Antonio Santoro, um agente carcerário, e de Andrea Campagna, um motorista da polícia. Ele também foi condenando por cumplicidade na morte do relojoeiro Pier Luigi Torregiani. Seu filho Alberto, que tinha 15 anos na época, ficou gravemente ferido durante esse ataque e se tornou tetraplégico.

O ex-ativista também foi condenado por ter participado do assassinato de um açougueiro, Lino Sabbadin. Cesare Battisti foi capturado em janeiro na Bolívia depois de 40 anos de fuga, 15 deles na França. Em 2004 ele foi para o Brasil, onde viveu clandestinamente até 2007.

Exílio no Brasil

No mesmo ano, foi preso no Rio, mas, em 2010 o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva negou sua extradição para a Itália, concedendo o visto de exilado político. Com a eleição de Jair Bolsonaro, sua extradição para a Itália foi concedida. Battisti fugiu par a Bolívia mas acabou detido em uma operação conjunta de policiais bolivianos e italianos. Atualmente ele cumpre pena de prisão perpétua na ilha da Sardenha.

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