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Alemanha/ Ciberataque

Polícia alemã prende suspeito de ataque cibernético a políticos

A polícia alemã anunciou nesta terça-feira (8) a prisão de um suspeito de 20 anos depois do ataque cibernético que atingiu centenas de líderes políticos e personalidades no país, incluindo a chanceler Angela Merkel.

Um hacker ainda não identificado, que se autoproclama “investigador de segurança e sátiro”, divulgou pelo Twitter documentos e dados pessoais de centenas de políticos alemães.
Um hacker ainda não identificado, que se autoproclama “investigador de segurança e sátiro”, divulgou pelo Twitter documentos e dados pessoais de centenas de políticos alemães. REUTERS/Kacper Pempel/Illustration/File Photo
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A detenção do jovem, em sua residência na região de Frankfurt, ocorreu no domingo, declarou a polícia em comunicado.

Uma coletiva de imprensa será dada para proporcionar maiores detalhes.

De acordo com o site da revista Der Spiegel, o detido é um estudante do ensino médio que agiu sozinho e reconheceu os fatos.

Ele mora com os pais e não teria conhecimento das "consequências de seu ato".

Mil vítimas

As autoridades alemãs revelaram na sexta-feira (4) a publicação, via uma conta no Twitter chamada @_0rbit, bloqueada desde então, de dados pessoais ou profissionais de cerca de mil líderes políticos, incluindo a chanceler Angela Merkel e vários de seus ministros.

Jornalistas e personalidades do mundo do entretenimento também apareceram na lista do suposto hacker. Dia após dia, em dezembro, ele foi divulgando os dados a que tinha acesso, à maneira de um calendário do Advento (calendário comum no Natal alemão), que precisava ser aberto para dar acesso às informações.

Os dados roubados estavam em contas de rede social ou armazenados na nuvem.

No entanto, nenhuma informação hipersensível vazou nesta ocasião. As principais divulgações foram contatos, endereços, conversas na internet, identidade e documentos administrativos ou cartas.

Em alguns casos, fotos, endereços privados e números de telefones celulares foram transmitidos, incluindo os do presidente do Partido Social-Democrata, Andrea Nahles, que se declarou "muito afetado e ferido".

Foi seu antecessor, o ex-presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, quem colocou uma pulga atrás da orelha das autoridades neste caso. Ele havia contatado a polícia na semana anterior depois de ter recebido ligações em seu celular de várias pessoas desconhecidas.

Em relação a Angela Merkel, a publicação dizia respeito a endereços de e-mails, já semi-públicos, e links para cartas endereçadas a ela.

“Ataque contra a democracia”

No entanto, o caso se mostrou embaraçoso para o governo, acusado de negligência na luta contra o cibercrime. Especialmente desde que as autoridades sabiam desde dezembro que a pirataria estava em andamento, mas não avisaram imediatamente os políticos e personalidades envolvidas.

Criticado por seu relativo silêncio desde a revelação desa pirataria em grande escala, o impopular ministro do Interior Horst Seehofer, membro do partido bávaro CSU, aliado com os conservadores da chanceler, deve ser expressar na tarde de hoje.

A ministra da Justiça, a social-democrata Katarina Barley, chamou o roubo de dados de "um ataque à nossa democracia e suas instituições". E atacou provedores de plataformas de internet e mídias sociais, pedindo que eles "bloqueiem imediatamente qualquer conta que divulgue dados pirateados", em entrevista ao jornal regional Rheinische Post.

No início, alguns especialistas suspeitavam que os círculos ultra-direitistas estivessem na origem dessa pirataria. Eles argumentaram que o partido Alternativa para a Alemanha (AfD), de extrema direita, era o único dos partidos importantes na Alemanha cujos membros não tiveram dados publicados.

Nos últimos anos, o Bundestag e os partidos políticos também foram alvo de ataques cibernéticos que emanavam, segundo Berlim, de serviços de inteligência estrangeiros.

Hackers russos são suspeitos de orquestrar essas operações. A Alemanha está regularmente preocupada com possíveis tentativas, particularmente pela Rússia, para tentar influenciar o clima político nacional por meio de ataques cibernéticos ou ações de desinformação.

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