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Linha Direta

Reino Unido: May tenta mobilizar parlamentares antes do voto do Brexit

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A Câmara Baixa do Parlamento britânico deve votar no próximo dia 15 o acordo proposto pela primeira-ministra, Theresa May, de saída do Reino Unido da União Europeia, que oficializa o Brexit. O voto estava previsto para o dia 11 de dezembro, mas a premiê foi obrigada a cancelar a consulta por falta de apoio.

Parlamentares voltam ao trabalho sobre o Brexit depois do recesso de final de ano.
Parlamentares voltam ao trabalho sobre o Brexit depois do recesso de final de ano. REUTERS/Toby Melville
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Maria Luísa Cavalcanti, correspondente da RFI em Londres

O Parlamento do Reino Unido retoma suas atividades nesta segunda-feira (6) com a tarefa de decidir o futuro do Brexit, a menos de três meses para que o país deixe oficialmente a União Europeia. No domingo, a primeira-ministra, Theresa May, confirmou que a votação do acordo que ela propõe para a saída deve ocorrer na próxima semana, depois de ter desistido da data original, em dezembro. No entanto, ainda há uma forte oposição à proposta de May por parte dos parlamentares.

No último mês, a primeira-ministra voltou a Bruxelas e intensificou conversas com os principais líderes europeus na tentativa de obter garantias de que a fronteira da Irlanda do Norte com a República da Irlanda não será restaurada formalmente depois que o Reino Unido sair da União Europeia. Mas aos olhos de muitos parlamentares, desde dezembro nada mudou em relação a este ponto, que é o mais polêmico da proposta de May.

Analistas acreditam que a possibilidade de a primeira-ministra ser derrotada no Parlamento ainda é muito grande. Ela tentou defender suas propostas, afirmando que, se seu plano for reprovado, o país vai entrar em “território desconhecido”. Com isso, May espera pressionar os parlamentares a acabarem votando a favor do acordo que ela apresenta.

De fato, se a proposta for derrotada por uma pequena maioria, a primeira-ministra ainda pode ter uma chance de redigir um novo acordo e tentar uma nova aprovação no fim de janeiro. Mas, se perder “de lavada”, o Reino Unido poderá se ver diante do chamado “no-deal Brexit”: sair da União Europeia como uma nação isolada, sem nenhum tipo de acordo comercial ou aduaneiro com o bloco.

Derrota no Parlamento pode levar a eleições gerais

Uma derrota no Parlamento também pode provocar a convocação de eleições gerais ou até de um segundo referendo. Uma pesquisa realizada pelo instituto britânico YouGov, e divulgada durante o fim de semana, revelou que se fosse realizado um novo referendo, 46% dos britânicos votariam para permanecer na União Europeia, contra 39% que defenderiam o Brexit. A mesma sondagem mostra que 41% favorecem a realização de um novo referendo, contra 36% que preferem que o assunto seja selado apenas pelo Parlamento.

A mudança da opinião pública reflete um sentimento generalizado de que a saída do bloco é um verdadeiro salto no escuro. Contribui para isso o fato de nos últimos meses, os britânicos virem Theresa May sobreviver a um voto de não-confiança dentro de seu partido e testemunharem várias trocas dentro do gabinete, em uma clara demonstração de instabilidade interna.

Além disso, recentemente, o governo anunciou medidas de emergência para o caso de o país sair da União Europeia em março sem nenhum acordo, principalmente nas áreas de defesa, infraestrutura e abastecimento, sinalizando um cenário de caos e despreparo. Houve ainda a constatação de que a campanha pelo Brexit em 2016 violou leis eleitorais e gerou uma série de promessas que acabaram não se concretizando.

Theresa May, no entanto, continua rejeitando a ideia de um segundo referendo, apesar de agora até mesmo alguns membros proeminentes do Partido Conservador declararem que prefeririam levar o Brexit para aprovação dos eleitores.

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