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Linha Direta

Natal do Vaticano é marcado por escândalos de pedofilia na Igreja

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O papa Francisco celebrará nesta segunda-feira (24), às 18h30 pelo horário de Brasília, a missa de Natal na Basílica de São Pedro, a célebre Missa do Galo. Na terça-feira (25), o sumo pontífice pronunciará a tradicional bênção Urbi et Orbi, encerrando um ano turbulento no Vaticano, marcado por escândalos de abusos sexuais de menores dentro da Igreja Católica.

Papa Francisco prometeu que não poupará esforços para que acusados de cometer crimes de pedofilia dentro da Igreja Católica sejam julgados.
Papa Francisco prometeu que não poupará esforços para que acusados de cometer crimes de pedofilia dentro da Igreja Católica sejam julgados. REUTERS/Max Rossi
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Gina Marques, correspondente da RFI em Roma

Os escândalos de abusos sexuais cometidos por religiosos sacodem a Igreja Católica. Na última sexta-feira (22), em sua mensagem destinada à Cúria Romana, o papa Francisco pediu para que padres envolvidos nesses crimes se entreguem à justiça. Segundo ele, a Igreja Católica não vai ignorar essas "abominações" dos membros do clero.

Esta mensagem foi interpretada como um balanço anual da Igreja. No seu discurso, Francisco disse: “No mundo turbulento, a barca da Igreja viveu e vive momentos difíceis este ano, sendo balançada por tempestades e furacões”. O pontífice afirmou também: "Para aqueles que abusam de menores eu diria: convertam-se e entreguem-se à justiça humana, e preparem-se para a justiça divina".

O papa garantiu que “diante dessas abominações, a Igreja não poupará esforços para fazer tudo o que for necessário para levar à justiça quem cometeu tais crimes". Embora não tenha ficado claro se o papa estava se referindo ao sistema judicial da Igreja, à justiça civil ou a ambos. Essa foi a primeira vez que Francisco fez esse apelo diretamente.

Escândalos se intensificaram neste ano

Não é a primeira vez que a Igreja Católica é abalada por escândalos sexuais cometidos por padres e outros religiosos. Mas, este ano, vários casos graves vieram à tona, com novos relatórios sobre milhares de casos de abusos sexuais contra menores de idade cometidos por membros do clero em vários países.

Além disso, a Igreja é acusada de não ter feito o suficiente para enfrentar o problema. Assim, o papa Francisco foi colocado em uma encruzilhada em 2018. O pontífice cometeu um erro no início deste ano durante uma viagem ao Chile e ao Peru, quando defendeu com fervor o bispo chileno Juan Barros, acusado de acobertar o padre pedófilo Fernando Karadima.

Depois, veio uma dura reação do episcopado chileno : a renúncia de todos os bispos do Chile. Mais tarde, foi aberta uma investigação e o pontífice pediu desculpas. Francisco acabou aceitando a renúncia de Barros e de outros bispos chilenos. No entanto, isso não foi suficiente para acalmar a opinião pública, que se sentia ofendida com anos de conivência e crimes.

Em agosto, os casos de contínuos abusos e de acobertamento voltaram a afetar a Igreja Católica após a publicação das conclusões da Corte da Pensilvânia, nos Estados Unidos, que documentava 300 casos de "padres predadores" sexuais em seis dioceses e cerca de mil vítimas menores de idade. O escândalo acompanhou Francisco durante a viagem em 25 e 26 de agosto, à Irlanda, país que também foi palco de abusos sexuais de menores cometidos por padres.

Além disso, por causa das acusações de pedofilia, o papa foi obrigado a remover do seu círculo de conselheiros o cardeal australiano George Pell, responsável pela Economia do Vaticano, acusado e condenado por molestar sexualmente dois jovens na Austrália no final da década de 1990. Pell é o membro mais importante da hierarquia da Igreja Católica a ser julgado e condenado por este tipo de crime.

Reação dentro da Igreja Católica

Em agosto deste ano, o papa sofreu um duro ataque da parte do arcebispo Carlo Maria Viganò, ex-núncio em Washington, que pediu a renúncia do sumo pontífice. Viganò publicou uma carta de onze páginas acusando o papa Francisco de encobrir e não se pronunciar sobre os abusos sexuais do cardeal norte-americano Theodor McCarrick.

A carta foi publicada no último dia da conturbada viagem do papa à Irlanda. Um mês antes, o papa já havia retirado de McCarrick o posto de cardeal por essas mesmas denúncias, um fato inédito na Igreja desde 1928. Viganò afirmou na carta que em 2013 informou pessoalmente o papa sobre os abusos cometidos pelo cardeal. Mas o próprio religioso não apresentou documentos que provassem o alerta feito a Francisco.

A carta, uma acusação sem precedentes a um papa, escrita por uma autoridade em uma posição tão alta na hierarquia eclesiástica, foi publicada por diversos órgãos da mídia católica conservadora. No Vaticano, há rumores de que o ataque foi articulado pelo setor ultraconservador norte-americano.

No entanto, essa não foi a primeira vez que Francisco sofreu ataques dentro da própria Igreja Católica. Em 2016, o cardeal norte-americano Raymond Burke contestou a exortação apostólica Amoris Laetitia, publicação na qual o sumo pontífice considerou a possibilidade de os católicos que se divorciaram e voltaram a casar poderem aceder à comunhão. Os conservadores acusaram o papa de pôr em causa a indissolubilidade do matrimônio e de criar “desorientação e grande confusão entre muitos fiéis”.

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