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COP 24: corrida contra o relógio para conter aquecimento global

Na noite dessa sexta-feira (14), lideranças presentes à COP 24, a Conferência da ONU sobre o Clima, ainda tentavam um acordo ambicioso para a aplicação do pacto de Paris, apesar de muitas divisões entre os participantes. Previsto para terminar na sexta, o evento deverá seguir a tradição e se estender pelo menos até o sábado (15), quando pontos importantes da luta contra as mudanças climáticas ainda serão discutidos.

Participantes  durante a COP24 em Katowice, na Polônia, em 11 de dezembro de 2018.
Participantes durante a COP24 em Katowice, na Polônia, em 11 de dezembro de 2018. Agencja Gazeta/Grzegorz Celejewski via REUTERS
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Reunidos na cidade polonesa de Katowice, representantes de quase 200 países chegam ao final de duas semanas de árduas negociações, marcadas pela urgência de atuação, considerando os relatórios científicos mais recentes e também a rejeição, principalmente dos Estados Unidos, de considerarem a ameaça climática real.

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, retornou a Katowice pela terceira vez para tentar influenciar nas negociações.

A difícil missão dos participantes é encontrar um meio de implementar o Acordo de Paris, com o objetivo de limitar o aquecimento do planeta a no máximo 2°C, com esforços para limitar a 1,5°C, em relação a níveis pré-industriais.

O comprometimento dos países para reduzir a emissão de gases de efeito estufa é voluntário. A incógnita sobre a futura política climática do Brasil sob a presidência de Jair Bolsonaro e os protestos dos "coletes amarelos" na França contra uma taxa sobre os combustíveis tiveram impacto negativo no desenrolar da Conferência da ONU sobre o Clima, três anos depois da celebração de um acordo histórico. 

Porém, as promessas apresentadas em 2015 conduzem a um aumento de + 3°C. O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) apresentou um quadro dos impactos já em curso, com o aumento atual de + 1 °C, mostrando a extensão dos danos possíveis se nada for feito, como o aumento de eventos extremos, o degelo do Ártico e queda na produtividade agrícola.

Rascunho do texto final

Um rascunho do texto final divulgado nesta sexta-feira se limita a "convidar as partes a fazer uso da informação contida no relatório do IPCC". "Não é possível questionar o 1,5ºC. Temos 10 anos para investir maciçamente na mudança, tendo este aumento como referência”, disse o ministro do Meio Ambiente da Costa Rica, Carlos Manuel Rodríguez. "Isto é o que buscam 190 países, enquanto outros sete - Estados Unidos, Rússia, China e os Estados árabes ainda têm dúvidas", lamentou.

A polêmica ofuscou as duas questões cruciais abordadas na abertura da COP24: a elaboração de regras para aplicar o Acordo de Paris e a futura revisão dos compromissos nacionais de redução das emissões de carbono. Falta definir estratégias ligadas à transparência, ou seja, como os países podem verificar se cada um deles cumpre as suas promessas, e ao financiamento, de que maneira os países desenvolvidos apoiarão os mais pobres na adaptação às mudanças climáticas.

O rascunho do texto final "reitera" a demanda de "atualizar" as contribuições pretendidas por cada país. Segundo o IPCC, mesmo com a aplicação dos objetivos do Acordo de Paris, a temperatura subiria 3ºC até o fim do século.

O texto em estudo é "um início, mas o trabalho não acabou", afirmou Jennifer Morgan, do Greenpeace, antes de pedir aos países um compromisso com metas maiores de redução das emissões.

"A mão dos Estados Unidos está por trás de todo esse texto". "É como um elefante na sala: não pretende participar do Acordo de Paris, mas continua negociando" e isto terá um "grande impacto no resultado", lamentou Meena Raman, da ONG Third World Network.

Chile sediará a COP 25

Depois que o Brasil retirou, no mês passado, sua oferta de receber a COP25 alegando contenção orçamentária, ficou decidido que o evento será realizado no fim de 2019 no Chile. A Costa Rica vai organizar a "pré-COP", uma reunião preparatória ministerial realizada algumas semanas antes.

A ministra chilena do Meio Ambiente, Carolina Schmidt, comemorou a decisão, o que permitirá que a Conferência sobre o Clima seja realizada na América Latina, conforme o planejado.

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