Em último Conselho Europeu do ano, UE não fará concessões a May sobre o Brexit
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Não há motivos para comemoração entre os líderes europeus na última reunião do ano, que acontece nesta quinta e sexta-feira. As principais lideranças do continente estão vivendo períodos turbulentos. O Brexit deve dominar a agenda deste Conselho Europeu, que vai também discutir imigração, mercado único e a zona do euro.
Letícia Fonseca Sourander, correspondente da RFI em Bruxelas
Às vésperas da reunião em Bruxelas, o Parlamento Europeu reafirmou sua posição: não haverá abertura nas novas negociações para o Brexit. A vitória apertada da primeira-ministra Theresa May, que sobreviveu ao voto de desconfiança de seu partido no Reino Unido, causou alívio em Bruxelas.
No entanto, o resultado da votação que aconteceu na noite desta quarta (12), no Parlamento britânico, descarta qualquer possibilidade de concessões importantes no acordo que consolidará a saída do Reino Unido da União Europeia.
Por 200 votos a 117, a líder do Partido Conservador se mantêm à frente das negociações com Bruxelas mas continuará enfrentando dificuldades dentro e fora de casa. A União Europeia deve manter a pressão contra o Reino Unido. Esta semana, Bruxelas voltou a enfatizar que o acordo que está sob a mesa “é o melhor e o único possível”.
No início da semana, Theresa May desistiu de levar adiante a votação final do acordo do Brexit, acertado com a União Europeia, no Parlamento britânico. A decisão de May foi vista como uma prova de que o documento não seria aprovado.
Questão da Irlanda ainda gera divergências
A futura fronteira entre a República da Irlanda – que faz parte do bloco europeu - e da Irlanda do Norte – integrante do Reino Unido - tem se relevado a questão mais sensível em todo o processo do Brexit. O acordo negociado entre Londres e Bruxelas prevê o chamado “backstop”, termo que significa rede de proteção, uma garantia de que mesmo com a concretização do Brexit sem um acordo geral com a União Europeia, a fronteira entre as Irlandas continue funcionando “sem fricção”, não prejudicando, portanto, a integração econômica e social da ilha irlandesa.
Este dispositivo, proposto por Bruxelas, tem sido muito criticado, principalmente pelos correligionários de May. De acordo com a proposta comunitária, a Irlanda do Norte permaneceria na união aduaneira da UE, grande parte do mercado único e do sistema de imposto de valor agregado (IVA) da UE. Segundo legisladores britânicos, o "backstop" poderia prender o país ao bloco europeu de modo indefinido.
Reunião em clima conturbado
A reunião do Conselho Europeu acontece em um clima conturbado. Os governos dos principais países do bloco enfrentam desgaste, baixa popularidade e protestos. A França tenta conter as manifestações dos “coletes amarelos” e a volta do terrorismo, com o recente ataque em Estrasburgo.
Na Alemanha, depois de anunciar o fim da carreira política, a chanceler Angela Merkel conseguiu emplacar uma sucessora para liderar o partido União Democrata Cristão (CDU), mas ainda sofre as consequências de sua política migratória. Em 2015, Merkel decidiu abrir as portas do país para um milhão de refugiados.
A crise migratória acendeu as chamas do populismo na Alemanha e no resto do continente. A questão da imigração foi decisiva para o processo do Brexit. O Reino Unido, mergulhado em uma crise de identidade, está tendo que enfrentar o caos no governo com a quase queda de sua enfraquecida primeira-ministra.
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