Com informações do correspondente da RFI em Berlin, Pascal Thibaut
Quando Merkel chegou à presidência da CDU, ela era um “óvni”: mulher, protestante, sem filhos. A sigla, na época, era marcada por seus valores tradicionais e católicos. Para muitos, a chanceler de 45 anos representou a porta de transição do partido.
Após renunciar à candidatura em 2002, ela venceu em 2005, com um percentual de votos medíocre, derrubando os sociais-democratas de Gerhard Schröder. Sob o mandato de Merkel como chanceler, que durou 13 anos, a CDU se modernizou.
Apesar de adotar um programa mais liberal no começo, a chanceler se mostrou pragmática economicamente, passando por cima de princípios importantes da CDU, como o salário mínimo, as creches, fortalecimento da igualdade de gênero, serviço militar ou a energia nuclear.
Essas mudanças permitiram ao partido se abrir e tecer novas alianças, sobretudo com os ecologistas. Mas elas irritaram os conservadores da ala liberal da CDU. A abertura das fronteiras para os refugiados, em 2015, foi o começo de uma ruptura fatal no seio da sigla, provocando críticas severas contra Merkel.
Momento histórico
A votação dos 1.001 delegados da CDU, reunidos no congresso de Hamburgo, pode ter uma importância histórica para o país, já que "quem alcançar a presidência do partido mais importante na Alemanha se tornará no longo prazo chanceler", explicou à AFP Eckhard Jesse, cientista político da Universidade de Chemnitz.
Dois candidatos disputam a vitória. Por um lado, Annegret Kramp-Karrenbauer ("AKK"), de 56 anos, secretária-geral do partido, considerada como "Merkel bis", já que defende a mesma linha de centro-direita da chanceler.
Por outro lado, o milionário Friedrich Merz, de 63 anos, que propõe uma guinada à direita da CDU e do país. O jovem ministro da Saúde, Jens Spahn, crítico de Merkel, também quer liderar o partido, mas sua candidatura tem poucas chances.