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Ucrânia/Rússia

“Possibilidade de invasão terrestre da Rússia é real”, diz embaixador ucraniano à RFI

Para o embaixador ucraniano na França, Oleg Shamshur, é preciso endurecer o regime de sanções contra a Rússia e empregar “métodos de dissuasão” com a presença da Marinha militar europeia. Punições à parte, o diplomata declarou em entrevista exclusiva à RFI que o país solicitou aos parceiros o envio de suas embarcações militares ao Mar Negro para dissuadir a Rússia de suas investidas progressivas. Ele acredita ainda que é necessário continuar com a pressão diplomática e política contra a Rússia.

Oleg Shamshur, embaixadir ucraniano na França e representante permanente da Ucrânia na Unesco.
Oleg Shamshur, embaixadir ucraniano na França e representante permanente da Ucrânia na Unesco. RFI
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Entrevista realizada por Juliette Gheerbrant

“Esperamos que nossos aliados, membros do G20, façam uma declaração condenando a Rússia que seja clara e direta”, declarou. Ele acredita que um pedido para que as partes envolvidas no conflito se contenham não seja suficiente para parar a escalada entre Rússia e Ucrânia. “É preciso condenar o ato de agressão russo direta e concretamente. Palavras não são suficientes, é preciso agir”, completou Shamshur.

Medo de uma invasão por terra

O aumento perigoso da atividade russa no Mar d’Azov e no Mar Negro é o principal temor da Ucrânia já há alguns meses, segundo o diplomata. “A possibilidade de invasão terrestre é real, sobretudo para estabelecer uma ponte com a Crimeia”, afirmou Oleg Shamshur à RFI. “A possibilidade de invasão terrestre é real, sobretudo para estabelecer uma ponte por terra com a Crimeia”, afirmou. “Trata-se de uma ideia russa de muito tempo, e é completamente possível. Nós fortalecemos nossa defesa em todas as seções de nossa fronteira com a Rússia”, disse o embaixador, que acredita que, após a ofensiva russa do último domingo, “tudo é possível”.

Medidas para diminuir a tensão

Segundo Oleg Shamshur, o presidente ucraniano Petro Porochenko prefere utilizar “todos os meios diplomáticos e políticos” para obter uma desescalada. “Desejamos seguir os compromissos do protocolo de Minsk [acordo assinado entre representantes da Ucrânia, da Rússia, da República Popular de Donetsk (DNR) e da República Popular de Lugansk (LNR) para pôr fim à guerra no leste da Ucrânia]. Mas se formos agredidos pela Rússia, no caso de uma ofensiva terrestre, uma ofensiva total, vamos reagir com todos os meios à nossa disposição”, declarou o embaixador à RFI. “Continuamos os esforços diplomáticos, mas nos preparamos para o pior, infelizmente”, disse.

Além da tentativa russa de criar uma passagem terrestre pela Crimeia, a Ucrânia não exclui uma ofensiva de Putin em outras áreas da fronteira do país. “A lei marcial continua em vigor em todas essas regiões”, afirma Shamshur.

Como ficam as eleições de março de 2019 na Ucrânia neste contexto?

“Tenho certeza de que, neste momento, não existe mais dúvida. O Parlamento ucraniano aprovou a lei que fixa a data destas eleições, 31 de março, como previsto anteriormente. O presidente Porochenko disse claramente que os direitos dos cidadãos ucranianos serão cancelados somente em caso de invasão terrestre da Rússia”, garantiu Shamshur.

O embaixador considerou a situação “muito grave”, mas disse que a Ucrânia não se sente “abandonada” pelos países europeus. “Estamos satisfeitos com relação aos esforços diplomáticos e políticos que vem sido feitos. Mas, como disse, só palavras não bastam mais. É preciso empregar meios de dissuasão através da Marinha militar”, afirmou.

“Conheço os russos muito bem. A Rússia não compreende outros argumentos além do uso da força, então a dissuasão é muito importante”, concluiu Oleg Shamshur.

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