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Discurso/Alemanha

Macron defende aliança poderosa com Alemanha para evitar que "mundo caia no caos"

O presidente francês, Emmanuel Macron, exortou a Alemanha a se unir aos esforços da França para alcançar um "novo estágio" na construção da Europa. Para Macron, só uma aliança forte entre os dois países líderes do bloco poderá garantir a paz e evitar que o mundo "caia no caos". O chefe de Estado francês discursou neste domingo (18) no Parlamento alemão em meio a celebrações que recordam as vítimas da Primeira Guerra Mundial.

O presidente francês, Emmanuel Macron, cumprimenta a chanceler Angela Merkel após seu discurso no Parlamento alemão.
O presidente francês, Emmanuel Macron, cumprimenta a chanceler Angela Merkel após seu discurso no Parlamento alemão. AFP/Tobias SCHWARZ
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"A Europa, e dentro dela o casal franco-alemão", tem a "obrigação de não deixar o mundo cair no caos e acompanhá-lo no caminho da paz", enfatizou Macron. "A Europa precisa ficar mais forte e mais soberana", defendeu o líder francês.

A chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente francês estão reunidos em Berlim, onde discutem reformas para fortalecer a União Europeia e persistir na trajetória de multilateralismo do bloco. Eles querem demonstrar uma frente unida contra o presidente americano, Donald Trump, e os movimentos populistas em ascensão no continente – e outras regiões do mundo –, apesar das profundas divergências entre Paris e Berlim.

Os símbolos de unidade e coesão se multiplicaram nos últimos dias após vários enfrentamentos entre os dois países sobre projetos-chave do presidente francês, como a ideia de um imposto aos gigantes digitais e a reforma da zona do euro. No fim de semana passado, Macron e Merkel insistiram em uma mensagem de paz contra os "antigos demônios" do nacionalismo, durante as celebrações do centenário do final da Grande Guerra, em Paris.

Trump reagiu aos planos de fortalecimento da União Europeia com uma série de tuítes ao encontro de Macron. O republicano considerou "um insulto" o projeto de Exército europeu, defendido pelo líder francês, e ironizou a queda de popularidade de Macron, sugerindo que, sem a ajuda dos americanos em 1944, a França falaria alemão.

Berlim e Paris condenadas a superar divergências

Macron e Merkel têm interesse em se apoiar mutuamente, num momento em que se encontram politicamente fragilizados em seus países. A líder alemã, que chegou a ser "a mulher mais poderosa do mundo", perdeu influência após a crise dos refugiados e acumula uma série de derrotas eleitorais. Essa debilidade de Merkel impede que Macron coloque em prática suas ambições para fortalecer a União Europeia.

Após divergências recentes sobre a venda de armas para a Arábia Saudita, a dupla franco-alemã voltou a se unir. "Vejo um novo impulso em nossas relações e faremos tudo para apoiá-las", assegurou o presidente do Parlamento alemão, Wolfgang Schäuble, em visita a Paris na quarta-feira (14).

Mas os temas de discórdia não faltam. A pressa de Macron em reformar a zona do euro não é a mesma em Berlim. E por trás do aparente consenso sobre a defesa europeia, as abordagens diferem.

"Emmanuel Macron cria dúvidas na Alemanha porque quer ir muito rápido em temas europeus que precisam de mais tempo", explica Hans Stark, especialista do Instituto Francês de Relações Internacionais (IFRI), ouvido pela agência AFP. Merkel dispõe de pouca margem de manobra. "Não pode apoiar 100% dos projetos franceses, mas tampouco quer se distanciar deles", destaca.

Os dois países se apresentam assim como "guardiães" de uma Europa sempre mais dividida, onde a sombra do populismo chegou até a Itália, membro fundador do bloco.

Condenadas a se entender, Paris e Berlim chegaram a um pré-acordo sobre um orçamento comum de investimentos na zona do euro. O projeto será apresentado a seus parceiros nesta segunda-feira (19) em Bruxelas pelos ministros das Finanças dos dois países.

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