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Linha Direta

Projeto de lei do carro elétrico na Espanha surpreende montadoras

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A Espanha entrou na guerra contra veículos movidos a combustíveis fósseis. Na terça-feira (13), o governo socialista espanhol anunciou que pretende proibir a venda de automóveis que não sejam elétricos a partir de 2040. A proibição dialoga com medidas de outros países europeus, como a França, o Reino Unido e a Noruega. Mas ainda encontra resistência de um dos mercados mais fortes da União Europeia, o automobilístico.

Modelo futurista de carro elétrico da marca Renault.
Modelo futurista de carro elétrico da marca Renault. RFI/Claire Fages
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Luisa Belchior, correspondente em Madri

O representante da associação das empresas do setor na Espanha disse que as montadoras foram pegas totalmente de surpresa e que nunca tinha sido avisado previamente da medida. A indústria quer agora que o governo invista pesado em financiamento para que as montadoras adaptem suas fábricas aos poucos a esse tipo de produção.

O governo acenou positivamente para o investimento, mas ainda deve enfrentar fortes resistências do setor. Na Alemanha, por exemplo, cuja indústria automobilística é a mais forte da União Europeia e emprega mais de um milhão de pessoas, o governo ainda não expressou nenhuma intenção de investir exclusivamente nesse mercado. Mas ecologistas dizem que será uma questão de tempo.

Nessa terça-feira (13), o governo espanhol anunciou que, a partir de 2040, deseja proibir totalmente a venda ou o registro de qualquer veículo movido a gasolina, diesel, gás natural ou ainda um modelo híbrido. O projeto abrange carros de passeio, veículos leves e de turismo. É uma proibição, portanto, que blindaria o mercado espanhol a qualquer tipo de veículo que não seja o elétrico.

Espanha quer acompanhar movimento no continente

A proposta faz parte do projeto da nova Lei de Mudança Climática e Transição Ecológica, que prevê adaptar o mercado espanhol a drásticas reduções de emissões de gases de efeito estufa. O texto da lei prevê ainda o corte de 40% dessas emissões até 2030, por meio, por exemplo, da redução do tráfego em cidades espanholas ao longo da próxima década. As medidas requerem aprovação do Parlamento, onde os socialistas dispõem de apenas um quarto das cadeiras. O governo quer submeter o texto à votação dos deputados até o fim do ano.

A decisão era uma intenção do governo socialista da Espanha, que tomou o poder do país em junho, após os conservadores serem derrubados pelo Congresso por um escândalo de corrupção. A Espanha vai agora no caminho da França e do Reino Unido. Ambos preveem eliminar a venda de carros movidos a combustíveis fósseis também até 2040. Em países nórdicos, como a Noruega, o prazo é ainda mais ambicioso: em 2025, o país quer acabar com a venda de veículos poluentes, algo que seu Parlamento está discutindo atualmente.

Viabilidade questionada

A grande discussão é saber até que ponto a venda de carros elétricos ou híbridos é viável para os consumidores. Na Espanha, um veículo elétrico custa algo em torno de € 22 mil, cerca de R$ 95 mil, mas apenas os modelos econômicos feitos para rodar dentro das cidades. Os que têm mais autonomia chegam a € 150 mil, ou seja, R$ 643 mil. A Espanha tem cerca de 30 milhões de carros em circulação, e menos de 1% deles são elétricos.

O governo espanhol disse que pretende realizar licitações para a fabricação de mais carros desse tipo para que o veículo vá se tornando mais barato. E também vai adaptar aos poucos os postos de gasolina, que gradativamente de tornariam postos de carga, já que os carros elétricos funcionam por bateria. Mas o setor automobilístico quer ainda mais investimentos.

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