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Reino Unido/Brexit

UE acelera preparativos para Brexit, mas ainda espera por acordo

A União Europeia (UE) acelerou os preparativos no fim de semana para uma eventual separação do Reino Unido sem acordo de divórcio em março de 2019, mas acredita que ainda há tempo para afastar este cenário, que é considerado "provavelmente inevitável" por aliados parlamentares do governo britânico.

Brexit Intense conversações de última hora realizadas em Bruxelas não conseguiram desbloquear as negociações sobre a retirada do Reino Unido da União Europeia.
Brexit Intense conversações de última hora realizadas em Bruxelas não conseguiram desbloquear as negociações sobre a retirada do Reino Unido da União Europeia. REUTERS/Simon Dawson
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O tempo é cada vez mais curto. A UE considerava a reunião de cúpula desta semana em Bruxelas a "hora da verdade”, mas no domingo (14), uma nova rodada de negociações terminou sem acordo. Não estão previstas novas discussões antes de quarta-feira (17), quando acontecerá um jantar de chefes de Estado e de Governo. "Enquanto trabalhamos duro para chegar a um acordo, nosso trabalho de preparação e contingência se intensifica", afirmou Margaritis Schinas, porta-voz da Comissão Europeia, instituição que negocia em nome dos 27 sócios de Londres.

A questão da Irlanda continua sendo o principal obstáculo. As duas partes tentam evitar o retorno de uma fronteira clássica entre a província britânica da Irlanda do Norte e a Irlanda para não enfraquecer o tratado de paz de 1998, mas não conseguem chegar a um acordo sobre a melhor maneira de evitar o problema.

Sem uma solução melhor, Bruxelas defende a manutenção da Irlanda do norte na união alfandegária e no mercado único europeu. A proposta, conhecida como "backstop", figura no acordo provisório de dezembro, mas está sendo contestada por Londres. As críticas afirmam que isto comprometeria a integridade do Reino Unido, ao criar uma fronteira de fato entre a província norte-irlandesa e o restante do país. Os britânicos desejam um "ajuste alfandegário temporário" com a UE até alcançar uma solução permanente.

Os europeus não aceitam dar aos britânicos um acesso ao mercado único e ao espaço alfandegário sem que assumam ao mesmo tempo as obrigações, especialmente porque a rejeição a um dos pilares do mercado comum, a livre circulação de pessoas, foi um dos catalisadores do referendo do Brexit em 2016.

Em Luxemburgo, onde participa de uma reunião de ministros das Relações Exteriores do bloco, o irlandês Simon Coveney considerou "frustrante e decepcionante do ponto de vista irlandês" o fracasso das discussões do fim de semana, pois a Irlanda, na visão dele, "é o país mais exposto aos efeitos colaterais do Brexit".

Europeus ainda acreditam em acordo

A primeira-ministra britânica, Theresa May, sob pressão em seu próprio partido dos defensores de um 'Brexit duro', deve informar nesta segunda-feira (15) sobre avanço das negociações ao Parlamento, que em última instância deve aprovar o acordo, assim como a Eurocâmara. O secretário do Foreign Office, Jeremy Hunt, acredita que ainda é possível alcançar um acordo.

"Todos estão se esforçando muito", disse, antes de destacar que a primeira-ministra britânica "não assinará nada que não seja compatível" com o referendo de saída da UE. Sua visão esbarra na opinião do partido norte-irlandês DUP, com apenas 10 deputados na Câmara dos Comuns, mas que são fundamentais para garantir a maioria parlamentar de May. Sammy Wilson, secretário do partido para o Brexit, afirmou nesta segunda-feira que é "provavelmente inevitável" chegar a um cenário sem acordo.

"Dada a atitude da UE e a forma como encurralaram Theresa May, não vejo que acordo conseguiria a maioria na votação do Parlamento britânico", disse o político norte-irlandês, uma análise compartilhada por alguns membros do Partido Conservador de May.

Os europeus não perdem a esperança de alcançar um acordo em novembro, que possibilitaria um prazo para a ratificação posterior e evitaria o cenário de uma retirada não negociada, contra a qual já advertiram instituições como o Fundo Monetário Internacional (FMI) por seu impacto na economia.

Com o objetivo de fechar um acordo após o tempo limite, tudo indica que os líderes do bloco podem aprovar no jantar de quarta-feira a convocação de uma reunião de cúpula extraordinária para meados de novembro. Alguns vão mais longe, como o primeiro-ministro irlandês Leo Varadkar. "Acredito que novembro ou dezembro têm melhores possibilidades (...) mas esta é uma situação que evolui", disse à imprensa em Dublin.

(Com informações da AFP)

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