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A Semana na Imprensa

Rival de Merkel consegue se impor como homossexual em partido homofóbico

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A revista semanal Le Point, de tendência conservadora, traz esta semana uma reportagem sobre uma adversária da chanceler Angela Merkel que está quebrando os códigos do debate político no Parlamento alemão. O nome dela é Alice Weidel, líder da bancada do partido Alternativa para a Alemanhã (AfD). Com seus 92 deputados eleitos, a sigla populista se tornou a terceira força no Bundestag.

Alice Weidel (à direita), da sigla populista Alternativa para a Alemanha (AfD), fala no Parlamento enquanto Merkel ignora.
Alice Weidel (à direita), da sigla populista Alternativa para a Alemanha (AfD), fala no Parlamento enquanto Merkel ignora. Axel Schmidt / REUTERS
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De cara, a Le Point informa que o objetivo de Weidel é caçar a experiente Merkel do poder. A reportagem relata os ataques da líder populista desse partido xenófobo e ultraconservador, que se tornou o pesadelo de Merkel nos debates do Parlamento.

Alice Weidel tem um perfil curioso para um partido que flerta com a extrema direita neonazista, observa a Le Point. A deputada da AfD é uma homossexual liberal, diplomada em economia e pró-globalização, que estabeleceu seu reinado num partido homofóbico e anti-imigração.

Sempre penteada com os cabelos loiros presos em um coque, pele muito clara, a parlamentar de 39 anos seduz pela elegância e a forma glacial com que enfrenta seus adversários. Muitos deputados já reconhecem que ela modificou os códigos da Casa, metralhando acusações contra Merkel de dedo em riste, insinuando que a velha geração da direita tradicional alemã está com os dias contados.

Merkel é orientada a não reagir

Merkel, que está com 64 anos e foi desgastada pela maneira como abriu as portas do país aos imigrantes, foi orientada por seus partidários a ficar calada e não reagir aos ímpetos da adversária mais jovem. A postura conciliadora da chanceler, sempre segura em meio às tempestades, que faz os alemães a reconhecerem como a mãe do país há mais de uma década, mesmo enfraquecida deve resistir e engolir os sapos, descreve a Le Point.

A publicação francesa observa que apesar de toda a energia com que Alice Weidel defende seu estilo neoliberal, inspirado em Margareth Thatcher, a líder da bancada populista exibe um ponto paradoxal em seu currículo. O fato de ser lésbica e de viver sob o regime do pacto de concubinato com uma produtora de cinema suíça de origem cingalesa.

Lidera partido xenófobo casada com descendente de imigrantes

As duas mulheres moram na pequena cidade de Bienne, perto de Berna, no cantão alemão da Suíça, ou seja, fora da Alemanha, no país vizinho, e criam juntas dois filhos pequenos. Sobre a vida privada, a líder da AfD é muito discreta, nota Le Point.

Segundo a revista, a adversária de Merkel parece ter conseguido empurrar essas aparentes contradições "garganta abaixo de um partido que considera os homossexuais como anomalias da natureza e pessoas com cor da pele diferente verdadeiros parasitas". Esses "detalhes" poderiam servir para dar um ar de modernidade ao Parlamento alemão.

Alemães rejeitam exagero

Mas Alice Weidel acaba exagerando nos ataques e tece discriminações insustentáveis sobre os muçulmanos que se instalaram no país depois da onda de imigração de 2015. Ela gosta de jogar na cara de Merkel que as mulheres alemãs não podem mais andar sozinhas à noite no metrô sem correr perigo. Uma mentira.

A maioria dos alemães consideram a líder da AfD desagradável, muito ambiciosa e excessivamente dura. Uma pesquisa do canal Sat mostrou que apenas 1,9% de alemães queriam ter Alice Weidel como vizinha.

Esta é mais uma reportagem daquelas que milhares de franceses gostam de ler sobre a vida pessoal dos políticos.

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