"Por que deixar as obras no depósito?": galeria de Londres faz turnê internacional de impressionistas para patrocinar reforma
A exposição “Impressionistas de Courtauld: de Manet a Cézanne” que a National Gallery de Londres inaugura na próxima segunda-feira (17) é mais do que uma mostra destinada a destacar a evolução da pintura moderna francesa desde os anos 1860 até o século XX. É a prova de que os museus pelo mundo desenvolvem políticas de longo prazo para administrar o seu acervo e o acesso ao público.
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Vivian Oswald, correspondente da RFI em Londres
Das 40 obras em exibição, 26 pertencem à coleção permanente da Galeria Courtauld, que permanecerá fechada durante dois anos para grandes reformas. Esta é a primeira vez, em 70 anos, que estes quadros são apresentados pela National Gallery, vizinho famoso da galeria e o segundo museu mais visitado do país.
A pequena galeria um dos pontos culturais inevitáveis da capital britânica é menos conhecida das hordas de turistas que invadem a cidade. Mas tem um invejável acervo, sobretudo de impressionistas e pós-impressionistas, montado a partir das peças do empresário e colecionador Samuel Courtauld (1876-1947). É exatamente por isso que a galeria optou por aproveitar o momento das reformas para levar sua coleção por um longo périplo nacional e internacional.
Turnê internacional
A exposição ocupará cinco salas da National Gallery até 20 de janeiro de 2019. Mas a viagem da Courtauld prossegue até Paris. A partir de fevereiro do ano que vem, 100 pinturas e desenhos de grandes da sua coleção estarão em exibição na Fundação Louis Vuitton, em Paris, e, em abril, outras obras partem para Tóquio para outra mostra que fará parte das comemorações do ano da cultura Japão-Reino Unido.
À RFI, o diretor da galeria Courtauld, Ernest Vegelin van Claerbergen, contou que a estratégia é dar visibilidade à instituição e à importância do personagem Courtauld no desenvolvimento do gosto do Reino Unido pelo impressionismo. “A ideia é viajar o máximo possível e aproveitar esse momento em que estaremos com as portas fechadas. Por que deixar as obras no depósito?”, disse. Segundo ele, embora a galeria não tenha por objetivo obter lucros com as exposições internacionais, existe a expectativa de usá-las para atrair patrocinadores para as reformas.
A coleção também viajará dentro da Inglaterra. Exposições itinerantes farão o roteiro da fortuna de Courtauld, visitando cidades a partir das quais o empresário montou seu patrimônio, muitas delas bem menos abastadas do que a capital do país. “Queremos conectar o público dessas cidades, onde ele fez a sua fortuna, com a arte. Ele iria adorar a ideia. Esse era um dos grandes objetivos dele. Essa missão se perdeu um pouco ao longo dos anos”, afirma o diretor. Ele destacou que ao fundar a galeria, quando ainda era vivo, Courtauld fez questão de emprestar muitas vezes peças para sociedades educacionais.
Acervo do colecionador
O empresário também ajudou a formar o acervo de impressionistas da própria National Gallery. O museu também tem por objetivo, com esta exposição, relatar a visão, o gosto e a motivação de Courtauld ao montar com o mesmo entusiasmo duas grandes coleções: uma concebida para ele e a mulher, e a outra para o país. Destacam-se as telas “A bar at the Folies-Bergère (1882) e “Déjeuer sur l’herbe (1863-8), de Édouard Manet, “La Loge” (1874) e “La premiere sortie” (1876-7), de Auguste Renoir, “Bathers at Asnières” (1884), de Georges Seurat, e “A Wheatfield with Cypress” (1889), de Vincent Van Gogh.
Ao longo dos próximos dois anos, essa será apenas a primeira parceira da Courtauld com a National Gallery, que concedeu uma sala onde serão exibidas exclusivamente as obras desta galeria. Além disso, 25 obras-primas da Courtauld ficarão em exposição durante todo o período das reformas junto com a coleção permanente da National Gallery.
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