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Brasil-Mundo

Turismo religioso leva brasileiros à Jordânia, conta a agente de turismo paranaense

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A crise econômica diminuiu o número de visitantes brasileiros na Jordânia, mas a oferta de turismo religioso no país continua a atrair viajantes. É o que conta a paranaense Raísa Jorge, que se mudou para a Jordânia em abril de 2013, como participante de um programa de intercâmbio. Trabalhando como agente de turismo, sua estadia inicial seria de um ano, mas ela já está no país árabe há cerca de meia década.

A agente de turismo Raísa Jorge
A agente de turismo Raísa Jorge Arquivo Pessoal
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Danielle Ferreira, correspondente da RFI em Amã

“Geralmente brasileiro vem para cá para visitar pelo menos três países, porque a distância é tão longa que eles querem fazer a região toda enquanto estão aqui. Eles vêm para fazer pelo menos Jordânia, Israel e Egito, ou Líbano, então é sempre uma extensão. E geralmente é turismo religioso”, afirma. Entre as principais atrações religiosas do país estão o rio Jordão e o Monte Nebo. Cristãos, muçulmanos e judeus visitam a Jordânia em busca de lugares sagrados. "Tem várias igrejas e cidades históricas que são mencionadas na Bíblia.  Uma semana na Jordânia é pouco para ver tudo isso”, diz Raísa.

Nos últimos anos, o país foi economicamente afetado pela guerra na Síria, com quem faz fronteira, além de Iraque, Arábia Saudita, Israel e territórios Palestinos. Ainda assim, a Jordânia consegue seguir politicamente estável. “É engraçado, porque a teoria é muito mais assustadora do que morar aqui na verdade. Não tem violência, o índice de criminalidade aqui é muito mais baixo do que no Brasil. Eu me sinto mais segura aqui do que na cidade em que eu morava, que já é uma cidade segura porque era uma cidade pequena”, ressalta Raísa.

Ela afirma que notou algumas mudanças na sociedade jordaniana nos últimos anos, com a chegada de milhares de refugiados. “Eu pude sentir que o país acabou ficando um pouco mais conservador do que era quando eu cheguei há cinco anos, por exemplo. Ou talvez seja só a minha impressão, mas os locais também falaram a mesma coisa.”

A população da Jordânia é de maioria muçulmana sunita. Então, é comum ver mulheres usando hijab – o véu que cobre a cabeça –, abaya – uma espécie de túnica com mangas compridas – e outras vestimentas religiosas. “Eu geralmente falo que a Jordânia é o Brasil de ponta cabeça, porque é completamente diferente. Apesar de no Brasil a gente ter milhões e milhões de imigrantes árabes, eles se adaptaram tanto à cultura brasileira que você acaba não sentindo isso. Mas quando você vem para cá, você fala ‘caramba, é muito diferente'”.

Estereótipos associam mulheres brasileiras à prostituição

Para ela, o contraste não é devido à religião apenas. “Não falo nem de religião, religião não é um problema. É cultural mesmo. Eu conheço tanto islâmicos quanto cristãos, e alguns cristãos são até mais conservadores. Geralmente, as pessoas não associam isso”, afirma.

Mulheres não são obrigadas por lei a usar véu na Jordânia. No entanto, decotes, saias mais curtas, ou até mesmo regatas, dependendo da região, não são trajes adequados, pois chamariam muita atenção. “Tem essa questão da vestimenta, tem a questão infelizmente do machismo aqui, que prevalece muito. Então os homens têm alguns privilégios sobre as mulheres e não tem muito o que fazer sobre isso. Às vezes a gente tem que lidar com os machismos do dia a dia aqui. Apesar de você se acostumar, não é algo que me deixa confortável, não é algo que eu aceite”.

No geral, brasileiros são bem recebidos aqui, segundo Raísa. No entanto, ela relata situações de discriminação relacionadas a estereótipos da mulher brasileira no exterior. “Eles têm uma visão um pouco deturpada das brasileiras aqui, eles associam à prostituição. Eu já tive problemas. Por exemplo, estava tentando alugar uma casa e eu não consegui porque eu era brasileira. Eles já associaram que eu estava trabalhando com prostituição aqui ou alguma coisa assim, sem eu ter falado absolutamente nada. Foi assim: ‘ah, você é do Brasil? Está alugado’. Eu não sei se só brasileiras passam por isso, mas eu sei que eu passei só por dizer a minha nacionalidade”, conta Raísa.

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