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Linha Direta

Itália quer fechar portos para navios militares com migrantes

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Na Itália, o governo de extrema-direita espera manter a dura política contra a imigração ilegal. Depois de proibir os navios da ONGs que transportam pessoas socorridas no mar mediterrâneo de atracar nos portos do país, o ministro do Interior, Matteo Salvini, agora também quer fechar os portos para navios militares estrangeiros com migrantes a bordo.

Roberto Mignone, chefe da missão do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) na Líbia, durante coletiva na sede da imprensa estrangeira em Roma, Itália, em 6 de julho de 2018.
Roberto Mignone, chefe da missão do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) na Líbia, durante coletiva na sede da imprensa estrangeira em Roma, Itália, em 6 de julho de 2018. REUTERS/Alessandro Bianchi
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Gina Marques, correspondente da RFI na Itália

Apesar da declaração polêmica de Matteo Salvini, a ministra da Defesa, Elisabetta Trenta, já disse que ela é a responsável pelas operações militares. O ministro do Interior, desta forma, não teria autoridade para bloquear as embarcações. A polêmica começou porque, há dois dias, um navio militar irlandês com 106 migrantes a bordo atracou no porto de Messina, na Sicília.

A embarcação faz parte da missão Eunavformed, conhecida come operação Sophia, que envolve navios militares dos Estados membros da União Europeia. Matteo Salvini não pode romper os tratados europeus, mas disse que conversará sobre o assunto durante uma reunião prevista entre os ministros do Interior da União Europeia, na próxima quinta-feira (13), em Innsbruck, na Áustria.

Ontem, o ministro do Interior italiano disse também que vai reduzir a verba diária de € 35 destinada aos clandestinos para reforçar o controle e eventual expulsão dos imigrantes irregulares na Itália.

Representantes da ONU devem se reunir com Salvini

Os representantes da ACNUR, Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, devem se encontrar em breve com o ministro Salvini para discutir a situação. A reunião foi anunciada na semana passada, mas ainda não tem uma data marcada. No encontro, eles vão conversar sobre como receber os imigrantes e e o papel da Líbia na gestão do conflito. Na sexta-feira (6), três representantes da Acnur se encontraram com a imprensa internacional para explicar a situação dos refugiados.

Os comissários das Nações Unidas fizeram um apelo para que as organizações não-governamentais contribuam para os resgates e para que cada embarcação com capacidade de salvar vidas possa atracar no porto seguro mais próximo. A Líbia, lembraram, não é um porto seguro. Carlotta Sami, porta-voz da ACNUR para Itália, disse que houve um aumento exponencial no número de mortes no Mediterrâneo. Em 2017, havia uma vítima para cada 38 pessoas, agora uma a cada sete pessoas morre durante as travessias.

O representante ACNUR na Líbia, Roberto Mignone, detalhou a terrível situação dos centros de detenção líbios para onde são levados os imigrantes irregulares. Ele explicou que a agência da ONU para os refugiados não tem acesso a todos os centros e está transferindo os imigrantes para o Níger, mas a capacidade do país está no limite. Onze países se comprometeram a receber quase 4 mil refugiados, mas até agora receberam só 200 pessoas. O comissário Mignone advertiu que a Europa tem que arcar com sua responsabilidade e a situação é grave.

Itália espera que Líbia controle fluxo migratório

A Itália está pronta para dar todos os meios necessários para que a Líbia controle o fluxo migratório no mar Mediterrâneo. A ponto de Salvini estar disposto a lutar, na ONU, até mesmo por uma revisão do embargo de armas à Líbia, país que sofre lutas internas entre várias milicias. Para a Itália, a o país tem um governo internacionalmente reconhecido, liderado por Fayez al Serraj.

A estratégia do ministro do Interior italiano é convencer os aliados a liberar o apoio militar, em armas, para que o governo líbio de al Serraj possa combater organizações criminosas e milícias do grupo Estado islâmico, que "fazem parte da guerra ao terrorismo".

 

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