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Cúpula

UE atravessa momento de vai ou racha com divisões populistas e ameaça ao euro

A polêmica cúpula da União Europeia que reunirá nesta quinta (28) e sexta (29) em Bruxelas os líderes do bloco em torno de três temas, a crise migratória, o Brexit e o futuro da zona do euro, recebe grande cobertura da imprensa francesa. A "Europa dos egoísmos" estará reunida, diz a mídia, referindo-se às divergências profundas de visão em relação aos desafios atuais.

As tensões políticas que irão marcar a cúpula da União Europeia, em Bruxelas, são tratadas com destaque pela imprensa francesa nesta quinta-feira (28).
As tensões políticas que irão marcar a cúpula da União Europeia, em Bruxelas, são tratadas com destaque pela imprensa francesa nesta quinta-feira (28). Fotomontagem RFI
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Com a imagem de um migrante escalando uma barreira metálica instalada no mar Mediterrâneo, envolta em arame farpado, o jornal Libération declara que a tônica do encontro é fechar o bloco à imigração. "Será o Conselho Europeu de um continente de exclusão, voltado para si mesmo, com portos fechados, grades nas fronteiras e muros de separação", lamenta o jornal de esquerda.

O diário católico La Croix afirma que os europeus buscam uma unidade perdida. A fixação em torno dos interesses nacionais ameaça a coesão da Europa, constata o jornal, ressaltando que o princípio da "solidariedade europeia", na origem do bloco, está enfraquecido, mas ainda pode ser restaurado.

O jornal Le Parisien dá a palavra a refugiados que chegaram a Paris, depois de atravessar grandes dificuldades. A migrante etíope Birhane, de 26 anos, retratada na capa do Le Parisien, conta que foi estuprada "muitas, muitas vezes" por beduínos no deserto do Sinai. Ela só foi libertada depois de sua família pagar um resgate de € 5.500 e conseguir atravessar o Mediterrâneo. O passado faz a mulher chorar, mas quando ela fala da França seu rosto se ilumina, destaca a reportagem. A etíope relata ter recebido amor das pessoas que encontrou nas ruas de Paris.

O eritreu Ahmed, de 22 anos, outro refugiado entrevistado pelo Le Parisien, conta que para ele o mais importante é a democracia. A Eritreia e a Etiópia, duas ex-colônias italianas, estiveram envolvidas em uma guerra que durou 30 anos e deixou de herança regimes autoritários sem noção de direitos humanos.

Os jornais Les Echos e Le Figaro trazem entrevista com a ex-secretária de Estado Madeleine Albright, primeira mulher a dirigir a diplomacia americana no governo de Bill Clinton (1997-2001). Ela acaba de publicar um ensaio sobre o retorno do populismo e o crescimento de simpatizantes nacionalistas nos Estados Unidos e na Europa. Albright diz estar extremamente preocupada com a erosão dos valores que deram estabilidade ao mundo depois da Segunda Guerra.  

Nova crise do euro pode ser fatal

Fala-se muito de imigração, mas uma crise financeira na zona do euro não está descartada, e os mecanismos para evitar um tal cenário também dividem os líderes.

O Nobel de Economia Joseph Stiglitz aponta nas páginas de Les Echos as ameaças que representam o novo governo eurocético italiano e o bloqueio contínuo da Alemanha, potência dominante no bloco, à liberação de investimentos necessários para reduzir as assimetrias entre o Norte e o Sul da Europa.

Stiglitz cita um indicador preocupante: no ano 2000, um ano após a introdução do euro, o tamanho da economia americana era apenas 13% maior que o da zona do euro. Em 2016, essa diferença passou para 26%. Do jeito que está, o euro foi concebido para fracassar, adverte mais uma vez o americano, vencedor do Nobel de Economia em 2001.

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