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Linha Direta

Fragilizada, Merkel tenta resolver conflito migratório em cúpula da UE

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Começa nesta quinta-feira (28), em Bruxelas, a cúpula da União Europeia, considerada um encontro crucial para o destino do bloco. Mas não é apenas a unidade do continente que está em jogo – a reunião pode definir os destinos do governo da Alemanha, a maior economia da UE.

A chanceler alemã Angela Merkel chega ao encontro, em Bruxelas da UE sobre imigração, enfraquecida em razão de sua política migratória e reunião pode dar armas para seus inimigos para tentar derruba-la.
A chanceler alemã Angela Merkel chega ao encontro, em Bruxelas da UE sobre imigração, enfraquecida em razão de sua política migratória e reunião pode dar armas para seus inimigos para tentar derruba-la. REUTERS/Yves Herman/File Photo
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Correspondente da RFI em Berlim

A líder alemã chega a Bruxelas sob pressão extrema dentro de seu governo. Ela vai ao encontro com a difícil tarefa de fechar acordos e parcerias que possam apaziguar a crise em torno do problema migratório que vem atravessando dentro de sua coalizão.

A questão dos refugiados será um dos destaques da reunião, que durará até sexta-feira (29). Merkel está sob pressão da ala mais conservadora de seu governo, que exige leis mais duras em relação aos refugiados, como, por exemplo, rejeição de migrantes nas fronteiras alemãs.

Mas a chanceler não quer tomar medidas unilaterais com relação ao assunto, argumentando que as soluções têm de incluir acordos com os vizinhos europeus. E é isso que Merkel tem esperança de conseguir na cúpula europeia: acordos sobre a migração para trazer a Berlim e apresentar como solução para a crise interna em seu governo.

"Ou encontramos uma solução para que na África e em outros países as pessoas tenham o sentimento de que defendemos o multilateralismo e não o unilateralismo, ou ninguém acreditará nos valores que nos tornaram tão fortes", declarou Merkel. A chanceler é favorável à criação de uma "coalizão de voluntários" entre as 28 nações da UE para buscar acordos que permitam devolver os migrantes ao primeiro país no qual foram registrados.

Acordos sobre a migração: quais são as chances de Merkel?

Merkel sabe que a tarefa é complicada: a União Europeia vive atualmente um “racha”. De um lado, estão os países do Mediterrâneo, principal porta de entrada de migrantes, que exigem uma distribuição dos refugiados. Do outro, países do Leste Europeu de governos de direita, que se recusam a aceitá-los. No meio disso tudo, estão Alemanha, França e Espanha, as maiores nações do bloco, que defendem políticas mais moderadas.

A chanceler Angela Merkel já avisou que será difícil voltar para Berlim trazendo de baixo do braço consensos amplos sobre política migratória. Mas ela espera poder fechar acordos bilaterais ou até mesmo trilaterais com alguns governos que permitam pelo menos resolver a questão da rejeição na fronteira de migrantes, já registrada em alguns países do bloco, que é um ponto-chave sobre o qual ela vem sendo cobrada pelos seus parceiros mais à direita no seu governo.

O ministro do Interior alemão, Horst Seehofer, deu um ultimato até começo da semana que vem para que Merkel tome uma decisão sobre o assunto, ameaçando determinar praticamente o fechamento das fronteiras. A chanceler se opõe veementemente a medidas extremistas, o que pode provocar sérias consequências, incluindo mesmo o possível fim da era Merkel.

Centros de triagem para migrantes fora do continente europeu será pauta na cúpula

Um dos pontos principais da cúpula é a criação de “centros de triagem” fora do continente europeu. Os rumores dizem que os novos modelos de controle do fluxo migratório poderão ser acertados nesta cúpula. Terão que ser decididos os detalhes e os países em que esses centros poderiam ser instalados. Também há a possibilidade de um reforço na proteção das fronteiras externas da União Europeia.

O que promete ser difícil é a queda de braço com o grupo dos países governados pela direita populista, incluindo Itália e Áustria – que exigem dureza em relação aos migrantes – e também Hungria, Polônia, República Tcheca e Eslováquia, que se recusam terminantemente a contribuir com o bloco acolhendo refugiados, mas continuam recebendo as subvenções da União Europeia.

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