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Linha Direta

Espanha: governo de Sánchez terá extrema-esquerda e partidos pró-independência

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Em uma surpreendente reviravolta política, a Câmara dos Deputados da Espanha derrubou o governo conservador de Mariano Rajoy nesta sexta-feira (1°). No comando do país, o socialista Pedro Sánchez tem uma tarefa delicada pela frente: governar com a extrema-esquerda, partidos regionalistas e pró-independência.

Derrotado nas últimas duas eleições e depois expulso da liderança de seu partido antes de voltar pela porta da frente, o socialista Pedro Sánchez saiu triunfante de uma última e arriscada aposta que o levou ao poder na Espanha.
Derrotado nas últimas duas eleições e depois expulso da liderança de seu partido antes de voltar pela porta da frente, o socialista Pedro Sánchez saiu triunfante de uma última e arriscada aposta que o levou ao poder na Espanha. REUTERS/Sergio Perez
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Luisa Belchior, correspondente da RFI em Madri

A Espanha já conta com um governo em função, comandado pelo líder do PSOE, Pedro Sánchez. Foi ele quem apresentou a moção de censura contra o Partido Popular (PP) de Mariano Rajoy. Pela lei espanhola, o autor da moção é quem assume o poder caso ela seja aprovada.

Para começar oficialmente a governar, Sánchez precisa ser empossado pelo rei da Espanha, Felipe VI. A presidente do Parlamento, Ana Pastor, foi até a residência do monarca para comunicá-lo da destituição de Rajoy e de sua substituição por Sánchez. O rei assinou então um decreto real, e a posse deve acontecer no sábado (2).

A previsão é de que o governo de Sánchez seja um tanto fragmentado. Isso porque, para obter apoio, ele fez acordo com vários partidos, como o Podemos, a sigla de extrema-esquerda, que deve governar praticamente ao seu lado, e partidos regionalistas, alguns deles pró-independência.

Atualmente, Sánchez tem apenas 89 deputados em sua base, de um total de 350 que compõem o Parlamento espanhol. Com isso, cada medida terá que ser amplamente discutida.

Incredulidade no Parlamento da Espanha

Até a manhã desta sexta-feira (1°), ainda havia muitos deputados incrédulos com a queda do governo de Rajoy. O cenário se reverteu mesmo no fim da tarde de quinta-feira (31), quando o Partido Nacionalista Basco declarou apoio à moção de censura do ex-premiê espanhol.

O voto dos bascos, até então indecisos, era o que desempataria o jogo. Mas alguns analistas achavam que eles acabariam por apoiar o governo de Rajoy.

Na semana anterior, Rajoy havia aprovado o orçamento de 2018 da Espanha com vantagens financeiras e de pensões para o País Basco. No entanto, houve um efeito dominó no Parlamento, com cada vez mais partidos aderindo à moção.

A votação foi apertada: 180 votos a favor e 169 contra. Mesmo assim, houve muitos aplausos, e Rajoy foi pessoalmente até o assento de Sánchez para parabenizá-lo com um aperto de mãos. O agora ex-chefe de governo disse, antes da votação, que foi um prazer ter governado a Espanha e desejou sorte ao sucessor.

Futuro de Rajoy na política

A ideia inicial do PP é que Rajoy continue nas bases da legenda, mas sem ocupar sua liderança. Ele nunca teve nenhum envolvimento provado nos casos de corrupção, mas participou como testemunha no julgamento do principal deles, a chamada trama Gurtel, uma espécie de “Lava-Jato” da Espanha.

Na semana passada, a Justiça espanhola julgou a primeira fase desse caso e apontou que havia um esquema de caixa dois dentro do PP, condenando assim o partido a pagar € 250 milhões ao Estado. Rajoy vai receber uma pensão vitalícia, como todos os ex-chefes de governo do país.

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