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Bélgica/ataque

Autor de ataque terrorista em Liège teria cometido assassinato na véspera

As autoridades belgas continuam investigando nesta quarta-feira (30) as motivações terroristas de Benjamin Herman, suspeito de já ter matado um homem na noite anterior ao atentado, que deixou três mortos em pleno centro de Liège.

Policiais e especialistas no local do tiroteio em Liège, na Bélgica, em 29 de maio de 2018.
Policiais e especialistas no local do tiroteio em Liège, na Bélgica, em 29 de maio de 2018. REUTERS/Francois Lenoir
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A investigação tenta esclarecer o percurso de Benjamin Herman, um delinquente de 31 anos, com diversas passagens pela polícia por roubo, violência e tráfico de drogas. O jihadista, que teria se convertido ao Islã radical na prisão. A Bélgica foi, durante muito tempo, uma espécie de incubadora de extremistas. Foi no país que o grupo Estado Islâmico (EI) organizou, à distância, os ataques terroristas de 15 de novembro em Paris.

O autor do ataque foi morto na manhã de terça-feira (29) pela polícia depois do atentado, que aconteceu por volta das 10h30 (5h30 de Brasília) desta terça-feira (29) em uma das principais ruas do centro de Liège. O atacante esfaqueou duas policiais pelas costas, antes de pegar suas armas e executá-las. Ele então matou uma terceira pessoa, atirando em um estudante de 22 anos em um carro estacionado nas proximidades.

"Os atos estão sendo classificados como assassinato terrorista e tentativa de assassinato terrorista", afirmou Wenke Roggen, porta-voz do Ministério Público (MP), organismo responsável por investigar caso terrorismo. "Os primeiros elementos da investigação apontam para um 'modus operandi' do grupo jihadista Estado Islâmico (EI), que em seus vídeos de propaganda incita ataques contra policiais com uma faca para a tomada de suas armas, como aconteceu em Liège", disse a porta-voz.

O autor do ataque, identificado como Benjamin Herman, um belga nascido em 1987, "gritou em várias ocasiões 'Allahu Akbar'" (Alá é grande) e "esteve em contato com pessoas radicalizadas" em 2016 e no início de 2017. A Procuradoria Federal examina agora se o criminoso atuou sozinho e busca "determinar se as suas motivações eram ou não terroristas", afirmou Roggen.

Ontem em Liège, depois do ataque, Benjamin Herman fez uma funcionária de um grupo escolar refém, levando à evacuação dos estudantes, segundo as autoridades. Nenhuma criança ficou ferida. "Fiquei impressionado com a conversa que ela teve com o terrorista", disse Jambon na quarta-feira sobre a funcionária sequestrada. "Ela foi muito corajosa e talvez tenha evitado mais vítimas na escola", disse ele à rádio Bel-RTL.

"Registramos sinais de que ele se radicalizou na prisão, mas será que foi esta radicalização que o levou a estas ações? Há muitas questões a serem respondidas e vamos aguardar o resultado da investigação", declarou pouco antes o ministro belga do Interior, Jan Jambon. O MP explicou que o autor do ataque era fichado pela justiça desde que era menor de idade e que já havia sido condenado por roubo com violência e consumo de entorpecentes, entre outros crimes comuns.

Suspeita de assassinato

Benjamin Herman "também é suspeito de um assassinato cometido na segunda-feira (28) à noite, poucas horas depois de sair da prisão de Marche-en Famenne, no sul da Bélgica, com uma permissão penitenciária que expirava às 19h30 de terça-feira. "As circunstâncias exatas dos fatos são objeto de uma investigação distinta", completou a porta-voz da Procuradoria belga. De acordo com a imprensa local, o falecido era um viciado em drogas e foi vítima de marteladas.

Na prisão, o autor do ataque cumpria uma série de sentenças curtas combinadas e seria libertado em 2020, segundo indicou nesta quarta-feira o ministro da Justiça da Bélgica, Koen Geens. Os serviços penitenciários consideraram que "ele não representava perigo terrorista", acrescentou.

A Bélgica, atingida por ataques jihadistas que deixaram 32 mortos em 22 de março de 2016, já foi palco de vários atentados contra soldados ou policiais. Consultado na terça-feira (29), o Ocam, o órgão responsável por avaliar a ameaça terrorista na Bélgica, decidiu manter inalterado no nível 2, correspondente a uma ameaça considerada "improvável".

 

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