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Morte

Aos 104 anos, cientista australiano realiza suicídio assistido na Suíça

David Goodall, o cientista australiano de 104 anos que viajou à Basileia para realizar um suicídio assistido, morreu nesta quinta-feira (10). Como a Austrália proíbe o procedimento, ele foi realizado na Suíça.

"Não quero continuar vivendo", declarou David Goodall na quarta-feira (9), em coletiva de imprensa na Suíça.
"Não quero continuar vivendo", declarou David Goodall na quarta-feira (9), em coletiva de imprensa na Suíça. REUTERS/Stefan Wermuth
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"Às 12h30 de hoje, o professor David Goodall, de 104 anos, morreu em paz na Basileia, com uma injeção de Nembutal", anunciou no Twitter o médico Philip Nitschke, da Fundação Exit International. A ONG milita pelo direito dos indivíduos de realizarem suicídio assistido.

Goodall não tinha nenhuma doença terminal, mas considerava que sua qualidade de vida havia piorado e desejava morrer. No início, ele solicitou, sem sucesso, às autoridades australianas que permitissem o suicídio assistido, mas a lei do país não prevê o procedimento. O cientista decidiu então viajar à Suíça, onde várias fundações oferecem o serviço.

"Preferia morrer na Austrália e lamento muito que a Austrália esteja atrasada em relação à Suíça nesta questão", afirmou à imprensa na quarta-feira (9) em um hotel da Basileia. "Não quero continuar vivendo", ratificou.

Para demonstrar que não estava triste, Goodall cantou, durante a coletiva, um trecho em alemão da Ode à Alegria da nona sinfonia de Beethoven, a sua preferida, e foi aplaudido.

Últimos momentos de vida

O cientista saiu da Austrália na semana passada. Antes de viajar até a Basileia, Goodall visitou o filho, que vive em Bordeaux, no oeste da França.

O suicídio assistido, com a ajuda de outra fundação suíça, a Eternal Spirit, aconteceu em um apartamento da cidade suíça. Nesta quinta-feira, após a última refeição com a família, o australiano se deitou na cama e um assistente o ajudou a injetar o sedativo com uma via intravenosa em seu braço. 

Goodall faleceu ao lado dos netos e de um amigo. De acordo com o que determina a legislação suíça, o próprio Goodall abriu a válvula para liberar o produto letal à base de pentobarbital de sódio, uma substância muito potente que em doses elevadas paralisa os batimentos cardíacos.

Pesquisador honorário da Universidade Edith Cowan de Perth, pediu que seu corpo seja entregue à ciência ou que, em caso de rejeição, as cinzas sejam espalhadas na Suíça. Também pediu que nenhuma cerimônia seja organizada em sua memória.

Austrália não permite suicídio assistido

Diante do interesse provocado por seu caso, o cientista afirmou esperar que sua morte ajude na aprovação de uma lei similar a da Suíça em outros países. Na Austrália, uma legislação, que entrará em vigor em junho de 2019, só permitirá o suicídio assistido a pacientes terminais, com uma expectativa de vida inferior a seis meses.

Na Suíça, a lei permite a Morte Voluntária Assistida (MVA) a qualquer pessoa com boa saúde mental e que tenha expressado de maneira reiterada o desejo de morrer. As fundações Exit International e Eternal Spirit defendem que outros países sigam o exemplo da Suíça para permitir uma "morte digna".

Espanha estuda autorização da eutanásia

A Câmara dos Deputados da Espanha aceitou nesta quinta-feira examinar um projeto de lei que autoriza a eutanásia. Com 173 votos a favor e 135 contra, essa é a primeira vez que uma proposta relativa à interrupção da vida ultrapassa o primeiro obstáculo parlamentar. Todas as outras tentativas foram negadas até hoje.

O texto prevê eximir a responsabilidade penal daquele que queira morrer em paz e sem dor porque, diz o texto, "sofre de uma doença grave e que o levará à morte" ou portador de "uma doença incurável com sofrimentos físicos ou psíquicos graves".

Atualmente, na Espanha, o artigo 143 do Código Penal proíbe a eutanásia ou a assistência à morte. Segundo uma pesquisa recente do instituto Metroscopia, 84% dos espanhóis são favoráveis à eutanásia a pacientes em fase terminal.

(Com informações da AFP)

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