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Linha Direta

Itália: presidente tenta novo acordo com partidos para formar governo

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Dois meses após as eleições parlamentares, o presidente italiano, Sergio Matarella, consultará de novo os líderes dos principais partidos nesta segunda-feira (7), na tentativa de acabar com o impasse político no país e formar um novo governo.

O Movimento Cinco Estrelas não aceita governar com o partido de Silvio Berlusconi, Forza Italia, que faz parte da coalizão conservadora, ultranacionalista, e Fratelli d'Italia de extrema direita. Na foto o líder do movimento 5 estrelas, Luigi Di Maio.
O Movimento Cinco Estrelas não aceita governar com o partido de Silvio Berlusconi, Forza Italia, que faz parte da coalizão conservadora, ultranacionalista, e Fratelli d'Italia de extrema direita. Na foto o líder do movimento 5 estrelas, Luigi Di Maio. Italian Presidential Press Office/Handout via REUTERS
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Gina Marques, correspondente da RFI em Roma

Até agora, todas as iniciativas para formar um governo falharam. Esta é a quinta vez que os líderes dos partidos serão consultados. Nas últimas eleições, ocorridas em 4 de março, nenhuma frente política obteve maioria suficiente para governar, e as mais votadas se recusam a fazer alianças.

O Movimento Cinco Estrelas não aceita governar com o partido de Silvio Berlusconi, Forza Italia, que faz parte da coalizão conservadora junto com a Liga ultranacionalista Fratelli d'Italia de extrema direita. Por outro lado, a coalizão de direita se nega categoricamente a excluir Berlusconi.

O presidente Matarella tem quatro possibilidades: a primeira, verificar se realmente é impossível um acordo entre o Movimento Cinco Estrelas e a Liga para formar um governo. Esta hipótese parece remota.

A segunda alternativa seria convocar novas eleições para junho, sem garantias de que, com resultados parecidos nas urnas, o impasse se resolva. A terceira solução seria formar um governo provisório de transição, com o objetivo de aprovar o orçamento para 2019 e preparar uma nova lei eleitoral para o início do próximo ano.

Outro cenário possível seria manter o primeiro-ministro Paolo Gentilone como chefe de governo de forma interina. Porém, qualquer decisão do presidente Matarella terá que ser validada por moção de confiança do parlamento totalmente dividido.

Eleições ou governo provisório?

O Movimento Cinco Estrelas se pronunciou a favor de novas eleições, mas essa é uma aposta arriscada. Além do resultado que poderia causar o mesmo impasse, eles poderiam perder votos. Segundo as pesquisas, eles receberam o apoio de eleitores desiludidos com o Partido Democrático, de centro esquerda, que governou a Itália nos últimos cinco anos. O Movimento é uma força antissistema, mas pode decepcionar o eleitorado porque não teve a capacidade de chegar a um acordo. Já a Liga e a coalizão de direita são desfavoráveis à realização de novas eleições e à formação de um governo técnico.

Posicionamento anti-europeu pode prejudicar a Itália

A Itália é um membro-chave entre os países da chamada zona do euro. Trata-se da terceira maior economia da União Europeia. O país registrou um leve crescimento de 0,3% do Produto Interno Bruto no primeiro trimestre de 2018 em relação aos últimos três meses do ano passado. Além disso, são baixas as taxas de juros para refinanciar a dívida pública de € 2,3 trilhões (quase 10 trilhões de reais), que equivale a 123% do PIB italiano.

Para os mercados financeiros, a melhor solução é que um governo de transição assuma o comando da Itália. O governo transitório seria mais estável e confiável do que qualquer aliança entre os populistas, à direita ou à esquerda. A Liga e o Movimento Cinco Estrelas são partidos eurocéticos. As consequências poderiam ser fatais para a Itália se estes partidos populistas assumissem o governo e colocassem em discussão as decisões ou até mesmo a permanência do país na União Europeia.

A dívida pública da Itália poderia não ser mais refinanciada e o fundo de resgate do euro teria que intervir. A insegurança é agravada pela possibilidade de que o Banco Central Europeu possa elevar as taxas de juros, o que, por consequência, aumentaria também o custo dos títulos do governo italiano.

Portanto, uma Itália fragilizada e politicamente instável não convém para a União Europeia. O custo do resgate seria elevadíssimo e poderia desencadear no efeito dominó. O presidente Sergio Matarella está se esforçando ao máximo para evitar que isso aconteça.

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