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Linha Direta

Dois meses após eleições, Itália pena para formar um governo

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As eleições ocorreram em 4 de março, mas, até agora, a Itália ainda não conseguiu formar um governo. O presidente italiano Sergio Matarella fez rodadas de negociações com os partidos mais votados, mas eles não conseguem chegar a um acordo e o impasse permanece.

O líder do Movimento 5 Estrelas, Luigi Di Maio (centro), tentou negociar com os democratas, mas não obteve sucesso. 12/04/18
O líder do Movimento 5 Estrelas, Luigi Di Maio (centro), tentou negociar com os democratas, mas não obteve sucesso. 12/04/18 REUTERS/Max Rossi
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Gina Marques, correspondente da RFI em Roma

Diante de uma agitada situação política, os partidos tentam se agilizar, mas as negociações não evoluem. Tanto alvoroço para não sair do lugar. 

Nas eleições gerais de 4 de março nenhum partido ou coligação obteve uma maioria clara no parlamento. De um lado, o Movimento 5 Estrelas, que concorreu sem aliados e conquistou 32% da preferência, foi o partido mais votado, com cerca de 11 milhões de votos. 

Do outro lado, a aliança dos conservadores - que obteve 37% a seu favor - se mostrou como a coalizão mais forte. Ela é formada por quatro partidos de direita, entre eles, a Liga, partido ultranacionalista, o Força Itália de Sílvio Berlusconi, e o Fratelli d'Italia, de extrema-direita. 

O Movimento 5 Estrelas não aceita governar com o Força Itália de Silvio Berlusconi, seu adversário histórico. Para eles, a aliança de direita teria que se desfazer, condição que a coalizão se nega a negociar. Matteo Salvini, líder da Liga que ficou na frente do Força Itália, reivindica o direito a governar, mas é impossível sem a aprovação da maioria parlamentar. 

O presidente da República, Sergio Matarella, depois de quatro tentativas de consultar os partidos, não conseguiu resolver o impasse.

Solução: nova aliança

O impasse se resolveria se o Movimento 5 Estrelas formasse uma aliança com outra força partidária, como o Partido Democrático (PD). O líder do Movimento Luigi Di Maio tentou negociar com os democratas, mas até agora não alcançou o objetivo. 

O Partido Democrático, de centro-esquerda, que governou nos últimos 5 anos, obteve apenas 20% da preferência nas últimas eleições. Depois desta derrota, Matteo Renzi pediu demissão da secretaria e o partido se dividiu em facções internas. Alguns são favoráveis ao apoio ao Movimento 5 Estrelas, mas aqueles que seguem Renzi são categoricamente contrários. 

A diretoria do Partido Democrático vai se reunir na tarde desta quinta-feira para decidir se apoia ou não o Movimento 5 Estrelas. Na verdade, mais do que o apoio ao Movimento, esta reunião do PD vai determinar quem comanda no partido. Em todo caso, amanhã aguarda-se uma nova iniciativa do presidente Matarella. 

Decisão do presidente da República

O jornal italiano La Stampa descreve a situação política do presidente Matarella como o guardião do cemitério de governos que nunca nasceram. 

Muitos esperam que o presidente da República tire um coringa da manga, mas não é simples. Visto que não há acordo entre os partidos e coalizões, ele poderá nomear um governo do presidente, chamado "governo trégua", escolhendo pessoalmente os membros. 

Outra alternativa seria um governo técnico, formado por não políticos, mas esta hipótese parece descartada. Outra possibilidade ainda seria deixar o governo atual, com o primeiro-ministro Paolo Gentiloni, mas esta também parece remota.

Novas eleições

Novas eleições poderiam ser convocadas, mas a pergunta é quando e com qual lei eleitoral. Sem uma mudança na lei, o impasse poderia se repetir. No entanto, a última lei eleitoral demorou mais de cinco anos para elaborada e foi aprovada só no final do ano passado. Portanto, os italianos dificilmente voltarão as urnas em breve. 

Além disso, a Itália tem importantes compromissos como o Conselho europeu em junho, que vai discutir cortes e financiamentos aos países membros. O país tem que apresentar suas contas em ordem e se mostrar forte nas negociações. 

Incertezas políticas abalam economia

A Itália aprendeu a viver na incerteza: foram 64 governos nos últimos 70 anos, desde o início da República. Apesar de ter uma gigante dívida pública de € 2,3 trilhões, que equivale a 123% do Produto Interno Bruto, a Itália é a quarta maior economia da Europa, e, sem o Reino Unido, é a terceira maior da União Europeia. 

Segundo os dados divulgados na quarta-feira (2), no primeiro trimestre de 2018, o PIB italiano aumentou 0,3% em relação ao trimestre precedente e 1,4% se comparado aos primeiros três meses de 2017. O índice de desemprego se mantém a 11%. 

A Itália sofre com o excesso de burocracia - o que custa muito caro aos pequenos e médios empresários que seguram a economia do país.

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