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Linha Direta

Alemanha deve extraditar Puigdemont para a Espanha, preveem analistas

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A prisão do ex-presidente da Catalunha Carles Puigdemont na Alemanha caiu como uma bomba sobre o movimento independentista catalão, que saiu às ruas neste final de semana para mostrar sua indignação. Só em Barcelona, mais de 55 mil pessoas foram às ruas, em diferentes pontos da cidade.

Protestos na Catalunha depois da detenção de Carles Puigdemont, na Espanha
Protestos na Catalunha depois da detenção de Carles Puigdemont, na Espanha (Foto: Reuters)
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Fina Iniguez, correspondente da RFI em Barcelona

Os protestos deixaram pelo menos 55 feridos e três detidos. Os independentistas ameaçam manter as mobilizações até a liberação do ex-presidente catalão e os políticos presos pelo Supremo Tribunal espanhol.

A situação política e social na Catalunha voltou a esquentar com a prisão de Puigdemont neste domingo na Alemanha. O ex-presidente do governo catalão tentava chegar de carro vindo da Finlândia até Bruxelas, onde tinha se exilado em outubro, mas foi detido pela polícia alemã logo depois de cruzar a fronteira com a Dinamarca. Os policiais cumpriram uma ordem de prisão decretada pela Justiça da Espanha, que o acusa de rebelião, entre outros delitos.

Puigdemont está detido em Neumunster, no norte do país, e se apresenta nesta segunda-feira diante de um Tribunal. O juiz ainda decidirá se aceita a petição de extradição da Espanha. De acordo com a maioria das análises, a Justiça alemã, ao contrário da belga, deverá entregar Puigdemont à Espanha, já que no Código Penal alemão existe um crime com as mesmas características conhecido como "alta traição".

Se a extradição acontecer, pode demorar entre 60 e 90 dias para ser efetivada. Na Espanha a rebelião é punida com até 30 anos de prisão, e na Alemanha a pena pode ser de 10 anos a prisão perpétua.

Situação política é complexa

O panorama é bem complexo. Apesar dos partidos independentistas terem obtido a maioria dos assentos no Parlamento nas últimas eleições de 21 de dezembro, vale lembrar que as eleições que foram convocadas pelo primeiro-ministro Mariano Rajoy, depois de ter cassado Puigdemont e todo o governo catalão, não conseguiram eleger um presidente que devolvesse a autonomia ao governo catalão.

Os partidos apresentaram três candidatos envolvidos com a Justiça espanhola. Puigdemont que estava em Bruxelas, Jordi Sánchez, ex-presidente da organização independentista ANC que está há cinco meses em prisão preventiva, e Jordi Turull, ex membro do governo de Puigdemont que não conseguiu assumir a presidência porque foi preso ao lado de outros quatro ex-membros do governo catalão cassado por Rajoy. Com isso, já são 9 os políticos catalães presos na Espanha.

Parlamento tenta iniciar diálogo

O presidente do Parlamento, Roger Torrent, máxima autoridade da Catalunha depois do presidente do governo, reúne hoje os membros da câmara para propor a formação de uma frente que inclui partidos não independentistas e sociedade civil- com o objetivo de obter um diálogo que evite os processos na Justiça.

Para muitos analistas, o primeiro-ministro espanhol Mariano Rajoy foi incompetente na gestão do problema catalão e optou pela delegação de suas funções políticas à Justiça desde o início. Agora Rajoy está pagando o preço: o problema político catalão se converteu em um problema jurídico. Enquanto isso, os manifestantes voltam às ruas e a temperatura deve subir se finalmente a extradição de Puigdemont acontecer e ele for preso na Espanha.

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