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Linha Direta

Polônia pede para cidadãos no exterior delatarem críticos ao país

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O governo nacionalista da Polônia volta a provocar polêmica, após a aprovação de uma controversa lei para punir quem acusar o Estado polonês de ter culpa pelo Holocausto. A imprensa alemã noticiou nesta quinta-feira que as representações diplomáticas polonesas estão divulgando um texto pedindo a seus cidadãos no exterior que reportem às autoridades polonesas declarações que difamem a imagem da Polônia.

O presidente do Senado polonês, Stanislaw Karczewski defende a nova lei e afirma que ela se destina a proteger a Polônia de acusações de que o país teria tomado parte no Holocausto.
O presidente do Senado polonês, Stanislaw Karczewski defende a nova lei e afirma que ela se destina a proteger a Polônia de acusações de que o país teria tomado parte no Holocausto. Captura de vídeo youtube
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Marcio Damasceno, correspondente da RFI em Berlim

A carta foi escrita pelo presidente do Senado polonês, Stanisław Karczewski. Nela, o político conservador fala sobre a lei sancionada semana passada pelo presidente do país, uma lei controversa que prevê punição de até três anos de prisão para aqueles que afirmarem que a Polônia teve alguma culpa nos crimes do Holocausto, cometidos pelo regime nazista alemão. No texto, o senador defende a nova lei, afirma que ela se destina a proteger a Polônia de supostas inverdades. Ele pede a seus conterrâneos no exterior que estejam alertas para “comentários antipoloneses”, que procurem defender a imagem da Polônia mundo afora e que os poloneses reportem a consulados e embaixadas quando tiverem conhecimento de declarações “prejudiciais à boa imagem da Polônia”.

Essa carta, diz a imprensa alemã, está sendo divulgada à comunidade polonesa no exterior pelas representações diplomáticas polonesas não só na página dessas instituições na internet, como através de emails.

Alemanha lamenta medida

Na Alemanha, a iniciativa pegou muito mal. Embora o governo alemão prefira se abster de comentários, um destacado membro do partido da chanceler alemã, Angela Merkel, o ex-ministro Norbert Röttgen, lamentou a medida, classificando-a de vergonhosa. Outro analista chegou a dizer que o governo ultraconservador polonês está usando um método de incentivo de delatores que se assemelha a ditaduras de décadas passadas.

Também as próprias associações de poloneses se manifestaram contra a medida. Mais de 20 organizações polonesas na Alemanha, Estados Unidos e Suécia publicaram uma carta aberta dizendo que rejeitam apoiar as ações do atual governo polonês relacionadas à controversa lei sobre o Holocausto.

Há críticos na Alemanha que dizem que o governo de Varsóvia apela para o sentimento de vítima dos poloneses. Desde que chegou ao poder, o partido Lei e Justiça, o PiS, tem se pautado pelo maciço incentivo ao patriotismo, tentando colocar a Alemanha como uma ameaça. Primeiro cobrou as reparações de guerra que Berlim supostamente ainda estaria devendo à Polônia. Com frequência, entra em confronto com a União Europeia e acusa a Alemanha de, com seu poder político, tentar prejudicar Varsóvia em Bruxelas. Agora, diz querer combater, com uma polêmica lei -que muitos acusam de ser um mecanismo de censura - afirmações que tentariam manchar a imagem da Polônia associando o país a crimes praticados pelos alemães.

Carta no Brasil

Em entrevista à RFI, a primeira-secretária Marta Olkowska, responsável por assuntos econômicos e políticos na embaixada da Polônia em Brasília, disse que não há determinação de enviar a carta por email aos poloneses no Brasil. Mas ela afirmou que o texto deve ser divulgado pela embaixada na homepage da representação diplomática, por ser um documento oficial do presidente do Senado da Polônia.

Quanto às acusações de que o texto teria um caráter de denuncismo, a diplomata disse que não vê a carta dessa forma e sim como um texto que pede a união da comunidade polonesa, além de informar os poloneses e pedir para que eles fiquem atentos aos acontecimentos atuais.

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