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Linha Direta

Carnaval de Gallipoli, na Itália, valoriza tradições da época do Império Romano

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Os italianos são conhecidos em todo o mundo por celebrar o carnaval. A festa em Veneza tem séculos de história, com suas máscaras e fantasias tradicionais. Outro carnaval, na cidade de Viareggio, na Toscana, é famoso por seus enormes carros alegóricos. Já as comemorações da cidade de Gallipoli, no sul da Itália, é célebre por fazer alusão a tradições que datam do Império Romano.

Carnaval de Gallipoli
Carnaval de Gallipoli Andrea Skakkomatto
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Rafael Belincanta, correspondente da RFI na Itália

O carnaval de Gallipoli, na região de Salento, é vivido mais como uma tradição do que uma grande festa. Não há blocos de rua, como no Brasil, e a música que embala os desfiles não é um samba-enredo, mas vem das bandas que, como nos velhos tempos, dão o ritmo da festa. 

Não há uma multidão que segue o trio elétrico, mas a diversão é garantida pelos personagens que a cada ano encenam o folclore da região do Salento. O protagonista da festa é “Lu Titoru” - uma interpretação que se aproxima do momento do “enterro da tristeza” do carnaval de rua no Brasil

“Lu Titoru” representa um soldado que veio passar o carnaval em Gallipoli e, no afã de degustar seu prato favorito, acaba morrendo sufocado com uma almôndega. O desfile do caixão do Titoru abre alas para o público que, logo atrás, festeja o “luto” vestindo máscaras horripilantes e dançando ao som de nostálgicas marchinhas de carnaval e ritmos tradicionais da região do Salento. 

Carnaval "artesanal"

Em comum com o carnaval brasileiro, há os carros alegóricos, mas sem a tecnologia e a inovação da Marquês de Sapucaí. Em Gallipoli, a construção e a decoração são sobretudo artesanais. 

Os carros são construídos em cartapesta, uma mistura de papel, jornal e cola, similar ao papel maché, porém reforçado com gesso. Assim, os artesãos podem trabalhar com mais facilidade e em menos tempo o tema escolhido para o desfile. 

Neste ano, o carnaval de Gallipoli se inspirou no tema televisão. Personagens e programas da TV italiana são representados na competição em que os juízes avaliaram a criatividade, a inovação e originalidade dos carros. Os carros são produzidos por quatro equipes que, juntas, formam a “Fábrica do Carnaval”. Desde 2013, o grupo trabalha para levar o histórico carnaval de Gallipoli novamente ao auge das apresentações dos anos 1960.

Tradições arraigadas

O carnaval de Gallipoli faz alusão a tempos remotos, quando na Roma antiga era celebrada Saturnalia, festejos em homenagem a Saturno que duravam até uma semana. Na ocasião, escravos podiam inverter os papeis com os patrões, as regras morais eram deixadas de lado e todos se divertiam do mesmo jeito, independentemente da classe social - separação que marcava profundamente o império romano. 

Somente séculos mais tarde, a tradição católica se apropriou dos espaços das antigas celebrações pagãs, associando o carnaval literalmente ao carnem levare do latim, que significa “remover a carne”, uma menção ao período de Quaresma que tem início na Quarta-feira de Cinzas e no qual é tradição católica não comer carne até a Páscoa. Por isso, a chamada "Terça-feira Gorda" é a última chance para os italianos do sul, arraigados às tradições católicas, celebrarem o carnaval. 

As ruas de Gallipoli serão tomadas pelos mascarados nesta terça-feira que, seguindo o cortejo fúnebre do "Titoru", passarão pelas estreitas ruas do centro histórico, terminando a manifestação diante da igreja da cidade. No local, o público vai assistir à cerimônia do “campanone”, em com doze badaladas do sino da catedral vão decretar o fim do carnaval. 

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