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Linha Direta

Novo projeto antiterrorismo da Espanha foca no turismo e na imigração

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A Espanha reviveu em 2017 um temor que parecia já ter ficado no passado: o do terrorismo. Em agosto, Barcelona foi alvo de um ataque do grupo Estado Islâmico, quebrando um jejum de 13 anos sem ações dos jihadista no país. Para evitar que o quadro se repita em 2018, o governo espanhol anunciou nesta semana uma série de medidas antiterroristas, algumas inéditas na Europa.

Policiais da Catalunha no mercado de la Boquería Boquería
Policiais da Catalunha no mercado de la Boquería Boquería REUTERS/Sergio Perez
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Luisa Belchior, correspondente da RFI em Madri

O novo pacote de ações do governo espanhol foca sobretudo no turismo e na imigração, para evitar que terroristas se infiltrem nesses dois setores. Uma delas, por exemplo, prevê um registro obrigatório no sistema de informação do governo dos dados de todas pessoas que se hospedem em apartamentos através de plataformas como o Airbnb ou que simplesmente aluguem um carro. Isso atualmente é feito apenas com hóspedes de hotéis espanhóis.

Outra proposta é endurecer a Lei de Estrangeiros da Espanha para monitorar melhor migrantes que entrem no país, mesmo que venham de dentro da União Europeia. Isso foi motivado pelo caso do imã Abdelbaki Es Satty, considerado o cabeça do atentado em Barcelona. Ele havia sido condenado por tráfico de drogas, mas a Justiça espanhola não conseguiu emitir uma ordem de expulsão do país por falta de uma legislação específica para isso.

As medidas serão adotadas por decreto ao longo de todo o ano de 2018, mas em janeiro algumas delas já começam a valer. O plano do governo espanhol é, até o fim do ano que vem, adaptar sua política antiterrorista às legislações vigentes na União Europeia, em geral mais duras que a espanhola.

Desde o ano passado, governo e oposição debatem um grande pacto antiterrorista, que tem a participação da grande maioria dos partidos políticos representados no Congresso do país. É um dos poucos temas em que há quase pleno acordo entre as forças políticas da Espanha, que vivem em pé de guerra.

Memória sangrenta

A Espanha já tem um programa forte de investigação de atividades terroristas, implantado depois do atentado da Al Qaeda ao metrô de Madrid em 2004, que deixou 191 mortos e foi o ataque jihadista mais mortal na história da Europa. Só que, em paralelo, cresceu também o poder de recrutamento de jovens dentro da Espanha por parte do grupo Estado Islâmico.

O grupo terrorista que planejou o ataque a Barcelona, por exemplo, passou desapercebido pelos serviços de inteligência: eram jovens e adolescentes espanhóis que frequentavam uma mesquita onde Es Satty os convenceu a cometer o ataque.

No dia 17 de agosto, em pleno verão, um deles invadiu com uma van o passeio central das Ramblas, a rua mais famosa e turística da Espanha. Horas depois, o grupo também atropelou moradores de uma cidade vizinha, deixando ao todo 14 mortos e mais de cem feridos.

Impacto na economia

As perspectivas de recuperação da Espanha não são boas. Junto com a crise por conta do movimento da independência, o terrorismo atacou por tabela a economia da cidade. As reservas de hotel já caíram mais de 20% com relação a novembro do ano passado na capital catalunha, segundo a associação hoteleira de Barcelona.

A OCDE e o Banco de Espanha publicaram em novembro estudos apontando a queda de dois pontos percentuais no crescimento do PIB em 2018 por causa do clima de incerteza na Catalunha. Nessa semana, o Banco de Espanha também divulgou que o crescimento da Catalunha está abaixo da média europeia.

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