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"O nacionalismo enlouquece os catalães", diz Libération

Todos os jornais franceses desta quinta-feira (21) analisam a eleição regional na Catalunha. Uma votação crucial na região sob a intervenção de Madri, ressaltam os diários. Para Libération, a região foi tomada por uma "obsessão identitária" e "o nacionalismo enlouquece os catalães."

A eleição na Catalunha está em destaque nos jornais franceses desta quinta-feira (21).
A eleição na Catalunha está em destaque nos jornais franceses desta quinta-feira (21). Fotomontagem RFI
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A unidade da Espanha está em jogo, estampa a manchete do Le Figaro. O jornal conservador diz que a campanha eleitoral para a escolha dos novos representantes do parlamento catalão foi tensa.

Os catalães decidirão na votação desta quinta-feira se reconduzem ou não no comando da região os dirigentes separatistas que foram destituídos por Madri e acusados pela Justiça de sedição, por terem decretado a independência da Catalunha em 27 de outubro. O voto “terá ares de referendo” e na opinião do Le Figaronão colocará um ponto final na crise com Madri”.

Para Le Parisien-Aujourd'hui en France, hoje é “dia da verdade na Catalunha”. A eleição visa pôr fim aos três meses de uma crise que a Espanha não conhecia há 30 anos. Mas o diário também de pergunta se a votação não pode, ao contrário, agravar a situação.

O resultado é incerto e todas as possibilidades são possíveis, isto é, uma nova vitória dos separatistas, a revanche dos unionistas, ou a eleição de um parlamento esfacelado, sem clara maioria, fato que levaria a convocação de novas eleições, acredita Le Parisien.

Eleições-referendo

Les Echos dá “as chaves para entender essa votação decisiva” na Catalunha. Cerca de 5,5 milhões de eleitores estão habilitados a votar, mas toda a Espanha está em suspenso nesta quinta-feira. As pesquisas indicam um resultado apertado. Para o jornal econômico, a eleição se transformou no grande referendo sobre a independência que Madri se recusou a realizar. Foi essa recusa do governo espanhol que serviu de estopim para a crise regional.

Os partidos que representam os dois campos participam divididos da eleição, mas na noite desta quinta-feira o número de deputados separatistas ou unionistas eleitos dará uma ideia do nível de polarização da sociedade catalã. Um analista ouvido pelo jornal acredita que o campo vitorioso terá apenas uma ou duas cadeiras de vantagem.

Há o risco de se chegar a uma equação sem solução, alerta o artigo. As discussões se anunciam longas para a formação de alianças e a nomeação do próximo presidente da Catalunha, no lugar do separatista Carles Puigdemont, destituído em 2 de novembro por Madri e exilado na Bélgica.

Obsessão identitária

Libération diz em seu editorial que hoje será a “Batalha da Espanha”. A obsessão identitária que mina a Europa encontrou na Catalunha uma nova ilustração. O limite do sectarismo foi ultrapassado durante a campanha eleitoral. Os argumentos racionais desapareceram do discurso público.

Os unionistas insultam os separatistas que eles consideram “perigosos fora-da-lei que só merecem a prisão”. Os separatistas chamam os pro-Madri de “fascistas”. O nacionalismo enlouquece e os catalães que, viviam pacificamente juntos durante décadas, brigam usando uma linguagem de guerra civil, lamenta o jornal.

Libération teme uma escalada da violência independentemente do resultado da votação. Em caso de nova tensão, o texto pede a mediação de Bruxelas para evitar que um dos países integrantes do bloco europeu mergulhe em uma louca batalha onde todos sairão perdendo, a começar pela própria União Europeia.

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