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Radioatividade

Poluição radioativa: Moscou nega qualquer incidente nuclear

A Rússia assegurou nesta terça-feira (21) que não houve incidente em suas instalações nucleares, apesar da poluição radioativa detectada no final de setembro pelos serviços meteorológicos, que confirmam os relatos de várias redes europeias de vigilância.

Em 2016, 30 anos após o acidente de Chernobyl, na Ucrânia, os animais selvagens invadem a zona mais contaminada
Em 2016, 30 anos após o acidente de Chernobyl, na Ucrânia, os animais selvagens invadem a zona mais contaminada REUTERS/Vasily Fedosenko
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O anúncio do conglomerado nuclear russo Rosatom de que "nenhum incidente ou falha" em suas instalações foi registrado acontece após a confirmação, pela agência meteorológica russa Rosguidromet, de que concentrações "extremamente elevadas" de rutênio-106 foram detectadas no final de setembro no sul dos Urais.

Entre as estações que registraram as maiores doses de rutênio-106, um produto de fissão da indústria nuclear, está a de Arguayach. Entre 26 de setembro e 1 de outubro, "uma concentração extremamente alta (...) superior em 986 vezes" às taxas registradas no mês anterior foi detectada no local.

A estação de Arguayach está localizada perto do complexo nuclear de Mayak, atingido em 1957 por um dos piores acidentes nucleares da história, mas que indicou em uma declaração que "a poluição radioativa de rutênio-106 detectada pela agência Rosguidromet não está vinculada às suas atividades".

O complexo, que hoje serve de sítio para o reprocessamento de combustível nuclear usado, acrescenta que não "manipulou rutênio-106" no decorrer de 2017 e não o produz há vários anos.

Poluição nuclear

Em 1957, em Mayak, uma falha no sistema de refrigeração de um tanque causou o vazamento de resíduos nucleares líquidos que afetaram 260 mil pessoas e forçaram a evacuação de várias localidades.

Desde o desastre de Chernobyl de 1986, que contaminou grande parte da Europa, o Ocidente teme pela segurança das instalações nucleares soviéticas e russas.

Os dados da Rosguidromet coincidem com as conclusões do Instituto Francês de Proteção contra Radiações e Segurança Nuclear (IRSN), que estimou no início de novembro, após uma investigação, que a poluição radioativa detectada na Europa no final de setembro teve sua origem "entre o Volga e os Urais".

O IRSN considerou que a fonte da poluição não poderia ser proveniente de um reator nuclear, já que outros elementos radioativos teriam sido detectados, e evocou a "hipótese de rejeito de uma instalação" relacionada ao ciclo do combustível nuclear ou de fabricação de fontes radioativas.

Sem perigo?

No início de outubro, o IRSN e várias redes europeias de monitoramento de radioatividade mediram níveis anormais de rutênio-106, um elemento artificial que não existe na natureza.

Apesar de as taxas detectadas na Europa serem inferiores aos limiares de risco e não terem efeito para a saúde, o IRSN indicou que "as consequências de um acidente desta magnitude na França teriam requerido localmente a implementação de medidas de proteção para as populações".

Na Rússia, Mayak assegura que as doses registradas são "20.000 vezes menores do que a dose anual admissível e não representam risco para a saúde".

Essas conclusões foram apoiadas por várias instituições, incluindo a Agência de Proteção ao Consumidor, segundo a qual "os níveis máximos de rutênio-106 na atmosfera foram mais de 200 vezes menores do que o nível permitido".

O Ministério do Meio Ambiente também questionou o "posicionamento de organizações públicas", cujas "estimativas incompetentes" causaram a disseminação de informações falsas, citando implicitamente o Greenpeace, que questionou as consequências para a saúde desta poluição.

A organização de defesa do meio ambiente pediu à Rosatom "uma investigação minuciosa e que publicasse dados sobre os acontecimentos em Mayak".

Se a fonte exata da poluição não é conhecida, "é obrigatoriamente uma fonte terrestre, certamente de uma instalação de tratamento de efluentes líquidos de um combustível irradiado", de acordo com Jean-Marc Peres, vice-diretor do IRSN, referindo-se a "gás escapado".

"Esta é a hipótese mais provável, um cenário já observado em dimensões menores, com vazamentos muito menores", acrescentou.

(Com informações da AFP)

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