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Alemanha

Imprensa teme instabilidade com eventual fim da era Merkel

A imprensa francesa revela preocupação com a situação na Alemanha, a maior economia do bloco europeu, após o fracasso das negociações para a formação de um governo de coalizão no país. Os jornais desta segunda-feira (20) analisam se este fracasso representa o fim da carreira política da chanceler Angela Merkel, eleita em setembro para um quarto mandato.

Ao fracassar na formação de um governo de coalizão, Merkel tem seu futuro político comprometido.
Ao fracassar na formação de um governo de coalizão, Merkel tem seu futuro político comprometido. REUTERS/Axel Schmidt
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Após uma maratona de negociações, conservadores, liberais e ecologistas não conseguiram superar as divergências para formar uma coalizão que garantisse uma maioria sólida no Parlamento alemão, capaz de garantir a governabilidade de Merkel.

Os alemães estão diante de uma situação inédita, destaca o jornal Les Echos, pois esta é a primeira vez que um bloco político necessita de dois partidos, no caso os liberais do FDP e os verdes, para fechar um pacto de governo. Para complicar, liberais e ecologistas defendem políticas opostas, o que inviabilizou um acordo.

O principal ponto de discórdia foi a política de imigração e a situação dos refugiados na Alemanha. O governo congelou temporariamente, até março de 2018, a política de agrupamento familiar para refugiados sírios e afegãos ainda em situação de asilo temporário no país. Os liberais concordaram em manter a suspensão e até em prolongar a proibição, mas os verdes rejeitaram a proposta, explica Les Echos. Dois outros temas geraram discussões intermináveis: o fechamento das centrais a carvão, para reduzir as emissões de carbono e cumprir as metas de combate ao aquecimento global, além de uma reforma fiscal.

Sem conseguir chegar a um compromisso, o futuro da chanceler Angela Merkel está comprometido, conclui com preocupação o jornal liberal Les Echos.

Merkel: muito consensual para ultraconservadores da Baviera

Le Monde acredita que o impasse só será resolvido nas urnas, no início de 2018. Nesse caso, o jornal não vê a chanceler disputando a eleição à frente da União Democrata Cristã (CDU). "Fragilizada em seu partido pelo fraco desempenho nas legislativas de setembro e com uma política de centro, a decisão de Merkel de abrir as fronteiras a 1,5 milhão de migrantes gera controvérsia na CDU e sobretudo na sigla aliada CSU, da Baviera, ultraconservadora, que cobra uma guinada à direita", explica Le Monde.

O conservador Le Figaro também estima que o abandono das negociações anunciado pelos liberais, que preferiram não governar a fazer um mau governo, nas palavras do líder Christian Lindner, coloca Merkel diante da perspectiva de convocar novas eleições.

Segundo o diário, os três temas de divergência eram conhecidos desde o início das negociações e as posições evoluíram pouco. Para Le Figaro, a maior fonte de atrito ainda é a política de imigração. Três partidos, a CDU, a CSU e o FDP querem limitar a entrada de imigrantes no país, mas os verdes não aceitam restrições.

A chamada coalizão jamaicana, que fazia alusão às cores das três legendas – preto para a CDU, amarelo para o FDP e verde para os ecologistas –, capotou.

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