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Linha Direta

Acusações de assédio sexual provocam escândalo no Parlamento Britânico

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A onda de denúncias de assédio e violência sexuais que começou em Hollywood atingiu as altas esferas do poder no Reino Unido. Desde a semana passada, vieram a público acusações contra vários parlamentares dos principais partidos. As alegações já provocaram a renúncia do ministro da Defesa britânico e podem estar por trás do suicídio de um ministro do País de Gales.

A primeira-ministra britânica Theresa May garante ter tomado medidas contra o assédio no Parlamento
A primeira-ministra britânica Theresa May garante ter tomado medidas contra o assédio no Parlamento REUTERS/Toby Melville
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Maria Luisa Cavalcanti, correspondente da RFI em Londres

Em meio ao escândalo envolvendo o produtor de cinema Harvey Weinstein e com a popularização da campanha da hashtag “me-too” nas redes sociais, na semana passada chegou às mãos de vários jornalistas uma lista com nomes de 40 parlamentares do Partido Conservador que teriam cometido atos de assédio sexual ou de comportamento sexual indevido. Rapidamente também vieram à tona acusações contra membros do Partido Trabalhista, de oposição.

Entre os acusados está o conservador Michael Fallon, que até a semana passada era ministro da Defesa do governo de Theresa May. Três mulheres revelaram terem sido alvo de comentários libidinosos e de avanços indesejados da parte de Fallon. Ele admitiu os atos e renunciou ao cargo na quinta-feira passada.

O Partido Conservador também suspendeu pelo menos um parlamentar, enquanto outros estão sendo investigados internamente, inclusive o vice-primeiro-ministro, Damian Green, e o ministro de Comércio Exterior, Mark Garnier. Dentre os trabalhistas, dois parlamentares foram suspensos e outro está sendo investigado. Mas talvez a consequência mais grave até agora seja o que ocorreu no País de Gales: o trabalhista Carl Sargeant, ministro do governo local, foi encontrado morto na terça-feira, no que a polícia acredita ter sido um suicídio. Ele tinha sido demitido do cargo na última sexta-feira diante de acusações de conduta sexual indevida envolvendo mulheres.

O partido não chegou a dar a Sargeant os detalhes sobre as alegações. O líder dos trabalhistas, Jeremy Corbyn, e o primeiro-ministro galês, Carwyn Jones, agora enfrentam críticas pela maneira como lidaram com o caso. Vários políticos fizeram um apelo por mais apoio aos homens que estão sendo alvo de acusações em todos os partidos.

May tomou medidas imediatas, garante porta-voz

Um porta-voz do governo se recusou a revelar quando Theresa May ficou sabendo das acusações contra seus ministros pela primeira vez, mas insistiu que ela tomou medidas assim que o assunto se tornou público. Na semana passada, a primeira-ministra pediu que todos os partidos se unam para tornar mais transparente o procedimento de queixas dentro do Parlamento, lembrando que os casos de assédio ou má conduta sexual têm que ser vistos como um problema da instituição e não de cada partido.

Na noite de ontem, ela se reuniu com mulheres que são funcionárias do Parlamento para ouvir o lado delas, e também se encontrou com outros líderes partidários para discutir o assunto. May também revelou que há mais casos sendo investigados do que foram relatados à imprensa, e recomendou que as vítimas também se reportem à polícia.

O assunto é destaque na imprensa diariamente, desde que as primeiras acusações vieram à tona. Assim como houve com os casos de assédio sexual em Hollywood, as alegações têm ganhado um tom sensacionalista e têm gerado revolta nas redes sociais, principalmente entre as mulheres.

Alguns analistas acreditam que o escândalo no Parlamento é apenas a ponta de um iceberg e que logo outras instituições britânicas vão começar a ser atingidas. De fato, a BBC, por exemplo, admitiu que já recebeu dezenas de queixas de funcionárias contra seus chefes e outros colegas desde que decidiu abrir uma linha confidencial para tratar o assunto.

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