Católicos e luteranos pedem perdão pela violência no 500º aniversário da Reforma Protestante
O Vaticano e a Federação Luterana Mundial pediram desculpa pelas violências cometidas durante o período da reforma e prometeram lutar para diminuir as diferenças entre as religiões. A declaração foi publicada em um comunicado conjunto nesta terça-feira (31), dia em que se comemora o 500° aniversário da Reforma Protestante.
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No comunicado, católicos e luteranos pedem desculpa pelo fracasso e pela maneira com que os cristãos feriram “o Senhor e se ofenderam mutuamente nos últimos 500 anos”. O texto conjunto ainda destaca um comprometimento mútuo “em busca de um consenso substancial para diminuir as diferenças”.
"Pela primeira vez, os luteranos e os católicos veem a Reforma a partir de uma perspectiva ecumênica. Isso permite um novo olhar sobre os eventos do século XVI que levaram à nossa separação", diz a declaração.
“Se o passado não pode ser alterado, a sua influência sobre nós hoje pode ser transformada. Está claro que o que temos em comum é muito maior do que o que nos separa", destaca o texto. A declaração refere-se, em particular, à situação de casais mistos católicos e protestantes que desejam poder comungar em ambas igrejas.
Cerimônia de comemoração
Nesta terça-feira, a Alemanha celebra o 500º aniversário da Reforma de Lutero. A data, que é feriado em todo país, será celebrada com uma cerimônia em Wittenberg, berço do protestantismo, com a presença da chanceler Angela Merkel, que acontecerá durante a tarde na igreja de Todos os Santos e marcará o fim do jubileu. A igreja gótica foi palco de um dos maiores terremotos teológicos do cristianismo, quando um crítico dos abusos da instituição papal e do culto aos santos questionou a Igreja Católica.
Em 31 de outubro de 1517, o clérigo e teólogo Martinho Lutero pendurou no local sua "Disputa" mais conhecida, sob o nome "95 teses", o texto fundador da Reforma protestante que marcou sua ruptura com o catolicismo. Lutero também foi um dos primeiros a escrever em língua alemã e o autor da primeira tradução da Bíblia em língua vernácula. " Da Reforma vieram muitas mudanças sociais", afirmou Merkel nesta terça-feira (31) em seu discurso semanal gravado, dedicado à data, a chanceler alemã, filha de um pastor luterano.
Insistindo na relação "muito interessante na Alemanha entre a Igreja e o Estado, sem a separação completa, como na França", Merkel declarou que o "cristianismo é um dos fundamentos" da cultura de trabalho na Alemanha. O "Dia da Reforma", 31 de outubro, já era um feriado em vários estados da Alemanha, principalmente na região leste. Este ano, porém, o governo decretou feriado em todo país.
As celebrações de cinco séculos da Reforma, com missas, exposições e outros eventos nas 700 cidades alemãs, atraíram três milhões de visitantes em 2017, segundo o Ministério da Cultura. A cidade de Wittenberg se preparou por meses para a data. As lojas estão repletas de produtos, de brinquedos a aguardente, derivados da figura de seu célebre morador.
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